Falta de tempo, excesso de aparatos tecnológicos e o contemporâneo vício em celular deixaram a população mais distraída do que nunca ao volante. Estudos do Laboratório de Psicofísica e Percepção da Universidade de São Paulo mostram que 72% dos acidentes no país são decorrência da falta de atenção.

Outro estudo, da seguradora Allianz, mostra que manusear o celular é a principal causa de acidentes de jovens entre 18 e 24 anos, além de aumentar, de uma forma geral, de duas a cinco vezes esse risco. Comer, beber, fumar ou se maquiar no trânsito também são atitudes perigosas: elevam em 50% as chances de uma batida.
?No contexto dos acidentes causados por fatores humanos, há três tipos que predominam atualmente: a alta velocidade, dirigir alcoolizado e o uso de celulares ao volante?, afirma o psicólogo José Aparecido da Silva, coordenador do laboratório da USP, de Ribeirão Preto. Segundo ele, 90% dos motoristas que têm celular o utilizam em algum momento enquanto dirigem.
O professor em bioengenharia Marcos Pinotti, responsável pelo Laboratório de Pesquisa Aplicada à Neurovisão da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), explica que, ao dirigir, o cérebro faz uma junção dos sentidos. ?Quando toca um celular, o motorista começa a interagir com a pessoa que está do outro lado. Isso tira a atenção porque ativa centros de memória e de imaginação que começam a ocupar a mente e o tiram do foco, que é dirigir.?
Segundo ele, dirigir falando ao celular equivale a dirigir alcoolizado acima do limite de 0,06 ml por litro de sangue.
O uso de aparelhos celulares ao volante é uma infração grave de trânsito punível com multa de R$ 127,69 e cinco pontos na carteira. Em Minas Gerais, é a terceira causa de multas, perdendo apenas para excesso de velocidade e avanço de sinal.
?É um tipo de acidente difícil de ser contido, pois quem dirige e usa celular, segundo as pesquisas do nosso laboratório, são jovens de 18 a 24 anos. Eles têm um estilo de direção aventureiro, dirigem como se estivessem praticando um esporte de aventura. Esse comportamento é muito difícil de mudar?, diz o psicólogo da USP.

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