Sem uma organização sindical, já que se trata de um movimento espontâneo, os caminhoneiros que protestam desde terça-feira (1º) contra o aumento do preço dos combustíveis no país estariam usando de força para obrigar veículos de carga a parar nas rodovias. De acordo com denúncia recebida pelo jornal O Tempo de uma caminhoneira de 30 anos, ela ficou quase 20 horas presa na BR-381, em Igarapé, na região metropolitana de Belo Horizonte. A caminhoneira  afirma ter sido coagida por “meia dúzia” de pessoas armadas com paus, pedras e, até mesmo, uma arma de fogo.

“Estamos vendo todos falando que o protesto está bonitinho, como se todos quisessem estar ali. Mas estamos sendo coagidos. Ele jogam pedras nos nossos veículos se não pararmos, tem até gente armada. Somos ameaçados o tempo todo e ninguém toma nenhuma providência. Fiz inúmeras denúncias na Polícia Rodoviária Federal (PRF), mas até agora nada. Aquilo ali é cárcere privado”, disse a mulher, que conseguiu voltar para casa na manhã desta quinta-feira (3), deixando o companheiro preso na rodovia.

O veículo do casal está parado na rodovia desde 13h de quarta-feira (2), sendo que no primeiro momento eles chegaram a acreditar que seriam vítima de um assalto. “Falamos que precisávamos passar, mas não teve conversa. Tem caminhoneiro passando mal, que é diabético, outro que tem problema cardíaco e precisa dos remédios. Mas não adianta, eles não deixam passar”, reclama a denunciante, que está há 5 anos trabalhando nas estradas.

 

A motorista relata que ia para São Paulo com um caminhão três quartos, que é menor e não possui facilidades como os veículos maiores, que passam maior tempo na estrada. Diferentemente de muitos dos outros caminhoneiros, eles não contam com cama, coberta, cozinha, entre outras coisas. “Como que sai para comprar comida e deixa a carga com aqueles bandidos perto? Pois eles são bandidos, não são caminhoneiros. Caminhoneiro é pai de família, não ameaça outro”, aponta.

A denunciante garante que a grande maioria dos motoristas que estão parados nas rodovias só ficam por medo. “Os baderneiros moram ali mesmo em Igarapé, então vão em casa tomam banho, dormem. Eles estão revezando, enquanto a gente é forçado a ficar aqui por medo.

 

“Estamos negociando”, diz PRF

Ao jornal O Tempo o inspetor Aristides Júnior, chefe da comunicação da PRF, afirmou que apesar das denúncias que são recebidas, a corporação não pode fazer muita coisa além de negociar com os manifestantes.

“As viaturas estão no local, negociando. Mas se a gente autoriza um dos caminhões a passar, eles atravessam um caminhão na BR mais na frente e fecham para todo mundo. As negociações acontecem em todas as rodovias para liberarem”, aponta o policial.

 

Fonte: O Tempo ||

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