O Ministério Público Federal abriu um processo administrativo para apurar as causas e responsabilidades pelo apagão ocorrido na último na noite de terça-feira. Um ofício, expedido na quarta-feira, pede à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), ao Ministério de Minas e Energia (MME), ao Operador Nacional do Sistema (ONS), e à Itaipu Binacional que encaminhem em até 72 horas toda a documentação sobre a queda de energia.
Entre os documentos requisitados, os procuradores querem a comunicação feita entre os agentes envolvidos na transmissão e geração de energia, além das atas das reuniões das autoridades durante o período em que o problema estava sendo resolvido.
Quem irá analisar os dados será o Grupo de Trabalho Energia e Combustíveis, que atua no MPF para subsidiar as investigações do procuradores da República nos estados.
O MPF também quer em 15 dias uma análise técnica sobre o ocorrido, indicando, inclusive, os responsáveis pelo posto onde houve o problema e se as medidas preventivas foram tomadas.
Grandes empresas calculam os prejuízos
Metalúrgicas, siderúrgicas, companhias da cadeia petroquímica, fabricantes de cerâmica e vidro estão entre as principais empresas afetadas pela queda do fornecimento de energia ocorrido nessa terça-feira. O apagão durou até seis horas, dependendo da localização da empresa.
Foram afetadas principalmente as companhias em que o ciclo de produção é contínuo, como no caso da Suzano Papel e Celulose. De acordo com o presidente da companhia, Antonio Maciel Neto, o complexo instalado no município de Suzano (SP) teve a energia retomada apenas às 3h desta quarta. Quando ocorre uma queda brusca de energia é uma situação muito complicada, afirmou. As perdas da empresa ainda não foram dimensionadas.
A interrupção da energia, muitas vezes, gera perdas superiores ao que deixa de ser produzido no período de apagão. A fabricante de condutores elétricos Wirex Cable, por exemplo, contabilizou um prejuízo de R$ 150 mil a R$ 200 mil, o que representa cerca de 1% do faturamento mensal da empresa. Os cabos são feitos sob medida, na extensão solicitada pelo cliente. Se o fornecimento de energia é interrompido, (a empresa) perde tudo o que estava na linha, não há como reaproveitar o material, que vira sucata, explicou o diretor-presidente da empresa, Sérgio Aredes, que também é presidente do Sindicato da Indústria de Condutores Elétricos, Trefilação e Laminação de Metais Não-Ferrosos do Estado de São Paulo (Sindicel).
Fabricantes de outros metais, como alumínio e aço, também indicaram que houve prejuízos. Em comunicado, a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) informou que o blecaute exigiu redução de ritmo ou desligamento de vários equipamentos da Usina Presidente Vargas. Segundo a empresa, os equipamentos principais, como os do alto forno e laminadores, tiveram seu funcionamento interrompido temporariamente. A CSN afirmou que ainda está dimensionando o impacto na produção, que aos poucos volta ao normal. Gerdau, ArcelorMittal e Usiminas também divulgaram notas informando perdas em suas unidades, que já operam normalmente.

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