Aos 64 anos e cheia de disposição, Norma Maria de Oliveira deu à luz sua primeira filha, na terça-feira passada (3), na maternidade Octaviano Neves, em Belo Horizonte. Mãe e bebê passam bem. Ana Letícia nasceu por cesariana com 33 semanas e meia de gestação, pesando 1,75 kg e medindo 46 cm.

De acordo com a ginecologista e obstetra especialista em gravidez de alto risco Rita de Cássia Sousa Amaral, Norma conseguiu engravidar por meio de uma fertilização in vitro. Os espermatozoides foram do companheiro dela, e os óvulos, de uma doadora anônima. A procuradora da Prefeitura de Itabira, na região Central de Minas, contou com uma ajuda da sorte: o procedimento deu certo já na primeira tentativa, o que surpreendeu a equipe médica.

Norma procurou a ginecologista em junho de 2017. Aos 63 anos, ela demonstrava muita disposição e vontade de gerar seu primeiro filho. Depois de passar por vários exames e ter a certeza de que a saúde estava em dia, a procuradora passou pela fertilização in vitro e engravidou de Ana Letícia. “Ela não precisou ser entubada. Ela está ótima. Está usando só um pouquinho de oxigênio”, comemorou a médica.

O desafio maior durante a gestação foi manter o organismo da mãe suportando o desgaste de uma gravidez, explicou Rita de Cássia. Para a felicidade de Norma, tudo ocorreu dentro do previsto – com acompanhamento médico constante e doses de anticoagulante para evitar complicações por causa da idade. “Poucas mulheres chegam aos 60 anos com a saúde de Norma”, disse Rita.

Nos últimos dias, a médica começou a notar alguns sinais de que estava na hora de Ana vir ao mundo. “Notamos uma pequena alteração na circulação do bebê e decidimos fazer o parto. As duas estão bem. Para a equipe médica, é uma alegria e um grande avanço participar de um momento desse. Há poucos anos, nem se cogitava essa situação. Foi uma experiência nova e gratificante para todos os envolvidos”, comemorou.

A reportagem tentou falar com Norma, mas ela preferiu preservar o momento de descanso e recuperação após a cirurgia. A bebê está na UTI infantil, mas passa bem e deve ir para casa em breve.

 Sonho impossível dois anos atrás

Se Norma Maria de Oliveira quisesse realizar seu sonho um ano e meio atrás, uma norma do Conselho Federal de Medicina a teria impedido. Até então, mulheres com mais de 50 anos não podiam utilizar técnicas de reprodução assistida. “Minas Gerais está dando o exemplo contra o preconceito. Mulher tem o direito de sonhar, mesmo após os 60 anos”, falou emocionada a ginecologista e obstetra Rita Amaral.

A médica disse que tanto ela quanto o profissional que fez a fertilização e a nova mãe tinham noção dos riscos. “Toda pessoa que um dia quer fazer uma coisa a mais tem que ser um pouco aventureira”, completou.

 

 

Fonte: O Tempo ||

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