Com expectativas nada otimistas feitas pelos economistas para 2015, a recomendação para os consumidores é cautela na hora de gastar. ?Não é apenas o crescimento fraco, que desestimula os investimentos e, logo, a geração de emprego; a inflação em 2015 vai ser alta. O poder de compra acaba sendo corroído?, observa o consultor de educação financeira do banco Mercantil do Brasil, Carlos Eduardo Freitas Costa.
A previsão do boletim Focus, uma pesquisa que o Banco Central faz toda semana com analistas do mercado financeiro, é que o PIB do país cresça apenas 0,55% no ano que vem.
Para evitar problemas nas finanças, ele aconselha o brasileiro a começar a fazer um planejamento financeiro e fazer uma reserva de dinheiro. ?Aliás, isso deveria ser feito sempre. Só que, em períodos de crise, com risco de aumento do desemprego, o planejamento se torna ainda mais necessário?, ressalta.
O economista afirma que muitos consumidores acabaram gastando mais do que podiam neste ano, ultrapassando o orçamento ? o mesmo que fez o governo federal. Para ele, com as contas em dia, economizar é essencial. ?Agora, o melhor tipo de investimento vai depender do perfil do investidor, além dos motivos que o levaram a guardar dinheiro. Se for para ter uma reserva, da qual ele pode dispor a qualquer momento, a poupança tem a vantagem de não pagar Imposto de Renda, além de ter uma liquidez imediata?, diz.
Costa diz que, para quem vai começar a guardar dinheiro no ano que vem e, logo, tem poucos recursos, é indicada a poupança. ?Se a pessoa dispõe de R$ 500, R$ 1.000, pode pensar num fundo de renda fixa. Só que é necessário avaliar a taxa de administração de cada banco?, orienta.
O professor de finanças do Ibmec Ricardo Fonseca Couto também defende a poupança. ?É preciso poupar sempre, ainda mais em épocas com possíveis cortes de postos de trabalho?, diz.
Mudar os hábitos
Ele afirma que o momento é de controlar o consumo, mudar os hábitos. ?É importante ter orçamento, saber o quanto entra e o quanto sai de dinheiro todo o mês. E procurar não se endividar, já que o custo do dinheiro deve encarecer?, observa. A expectativa do mercado é que a taxa básica de juros (Selic) subirá 0,5 ponto percentual em janeiro, para 12,25% ao ano. No fim de 2015, a taxa, ainda de acordo com o levantamento, deve estar em 12,50%.
Pouca credibilidade
O coordenador do curso de ciências econômicas da Newton Paiva, Leonardo Bastos Ávila, avalia negativamente 2014. Para ele, um dos principais problemas foi mudança da regra do superávit primário pelo governo federal, o que afeta a credibilidade do país. ?As regras são alteradas quando é conveniente. A manobra que foi feita mostra que as leis não valem para todos?, critica.
Para ele, 2015 deverá ser complicado, com arrocho da política fiscal e inflação alta, o que torna ainda mais necessário que o consumidor seja cauteloso, cortando gastos e evitando gastar mais do que pode

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