Mais de 100 corpos foram encontrados até a manhã desta sexta-feira (21) após o naufrágio de uma balsa no Lago Vitória, na Tanzânia, de acordo com a rádio estatal TBC Taifa. As buscas por sobreviventes continuam.

Depois do acidente, que ocorreu nessa quinta-feira (20), o operador público da embarcação, a Agência tanzaniana de Serviços Elétricos e Mecânicos, não soube informar quantos passageiros estavam na balsa MV Nyerere.

Porém, a TV estatal do país afirma que a embarcação transportava cerca de 200 passageiros – o que representa o dobro da sua capacidade.

Quarenta pessoas sobreviveram, segundo o governador da região de Mwanza, John Mongella, citado pela Rádio França Internacional (RFI). As operações de resgate foram suspensas durante a noite de quinta-feira e retomadas nesta sexta.

A balsa tinha partido da ilha de Bugorora, onde os passageiros tinham feito compras, e naufragou perto do cais da ilha de Ukara.

As autoridades da Tanzânia ainda investigam as causas do acidente, mas tragédias similares ocorridas no passado foram provocadas pelo excesso de peso.

O número de vítimas costuma ser alto devido à falta de coletes salva-vidas nas embarcações.

Davita Ngenda, uma idosa de Ukara, perdeu o filho no naufrágio. “Meu filho está entre os corpos recuperados”, declarou, sem conter as lágrimas. “Ele havia embarcado com a esposa, mas ela ainda não foi encontrada. Deus, o que eu fiz para merecer isto?”, questionou.

O professor Sebastian John afirmou que tragédias similares marcaram a vida das pessoas que moram perto do lago. “Desde meu nascimento, muitas pessoas morreram em naufrágios neste lago. Mas o que podemos fazer? Não decidimos nascer aqui, não temos para onde ir”, disse.

Negligência

O presidente da Tanzânia, John Magufuli, manifestou “profunda tristeza” com o desastre e pediu aos moradores que “permaneçam tranquilos em um momento difícil”.

John Mnyika, líder do Chadema, principal partido de oposição, afirmou à AFP que várias vezes denunciou a negligência com que as condições de transporte foram tratadas. “Muitas vezes alertamos para as condições ruins das balsas, mas o governo ignorou”, disse.

Mnyika disse que sobrecarga na embarcação reflete “outra falha das autoridades” e criticou os trabalhos de resgate “insuficientes”.

Há seis anos, 144 pessoas morreram ou foram consideradas desaparecidas depois que uma balsa sobrecarregada naufragou na ilha de Zanzibar.

Em 1996, quase 700 pessoas morreram no naufrágio de uma balsa também no Lago Vitória.

 

Fonte: G1||

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