A manutenção dos poços artesianos na unidade prisional é de responsabilidade da Copasa (Companhia de Saneamento de Minas Gerais) e com o agravamento da crise de abastecimento em Formiga, o Saae que socorria a unidade, diariamente, com o envio de caminhões pipa, teve que paralisar as entregas. Os bombeiros, ao que apuramos, têm se desdobrado para o cumprimento da tarefa, mas com as múltiplas obrigações que têm, fica difícil promover o atendimento com certa regularidade até mesmo em razão da dificuldade de abastecimento do próprio caminhão pipa.
O tenente Mateus Campos Cunha, comandante do 7º Pelotão de Bombeiros, ao falar sobre o assunto, revelou também que a água normalmente armazenada no caminhão pipa para combate a fogo não é indicada para consumo, tendo isto sido objeto de comunicação oficial à direção do presídio. Portanto, o atendimento via bombeiros, se dará apenas em casos excepcionais.
Segundo o próprio diretor da Penitenciária, coronel Murilo Foschete, diante da atual situação, a água para os pavilhões só está sendo liberada de duas a quatro vezes ao dia, quando está disponível e ainda assim, por poucos minutos por meio de um sistema de rodízio.
Todas as atividades externas (dos presos), como cuidar de hortas, aulas e outras normalmente desenvolvidas, também estão suspensas.
Imagine o leitor, como deve estar ?fácil? se manter a disciplina de cerca de 800 homens nestas condições que, para qualquer observador devem ser encaradas como, no mínimo, ?desumana?. Não faz muito tempo, em razão da falta de água causada por uma pane no bombeamento do poço, alguns presos, ali mesmo, se rebelaram e colocaram fogo em colchões.
Hoje o atendimento está sendo feito por meio de outros poços ali perfurados, mas a vazão deles é insuficiente para suprir o presídio.
A direção do presídio, atendendo a uma decisão judicial, obteve do Estado a ordem para que a Copasa perfurasse um novo poço, para o qual foi até providenciado junto a Supram ? a documentação necessária para a outorga.
Porém, de acordo com Murilo Foschete, ?a Copasa que há meses perfurou o tal poço artesiano que se destinava a suprir a falta que de antemão se sabia iria ocorrer com o prolongamento da seca e o não atendimento pelo Saae através de caminhões pipa, não mais apareceu para terminar a instalação e a sua colocação em funcionamento, tendo a meu ver, contribuído assim para o agravamento do problema?.
Em busca de solução urgente, na quarta feira (22), Murilo Foschete esteve em Belo Horizonte e, por telefone, ao ser interpelado sobre o assunto, informou que em Divinópolis, ao procurar o atendimento para sua demanda, ouviu de. Ronaldo Augusto Lírio Gonçalves Dias, responsável pela Copasa na região, a informação de que ele, em virtude de estar lidando com problemas que considera mais graves em outras cidades, não poderia de imediato atender as solicitações do diretor.
Diante desta constatação, a equipe de redação do jornal tentou por várias vezes, ouvir Ronaldo por meio do telefone (37) 3250-5400, mas nem ele ou sua secretária nos atenderam, apesar das muitas tentativas. Diante do ocorrido, o jornal, caso a empresa queira, disponibiliza o espaço necessário para a versão oficial da Copasa chegue ao conhecimento público. Diante dos fatos, também nos permitimos imaginar que, realmente, se a falta de abastecimento de água em uma Penitenciária que atende a uma população carcerária de quase 800 presidiários é, como nos parece, um problema insignificante para o dirigente da Copasa que atende a esta região, isto nos parece ser forte sinal de que os problemas por ela (empresa) vividos (ou criados), devem mesmo ser de grande monta e muito mais sérios.

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