Esta quinta-feira (13) é marcada como a data da abolição dos escravos no Brasil. É para os movimentos negros do país mais um dia de mobilização e lutas por direitos e políticas públicas. E é justamente isso que farão organizações de movimentos negros e de Direitos Humanos em São Paulo (SP).
Um ato para discutir a discriminação racial como um todo, com o tema Mais um Maio sem Abolição, Crimes de Maio sem Apuração, ocorre no centro da capital paulista, com apresentações de culturas afro e mobilizações contra o racismo, a violência e por políticas públicas para o povo negro.
De acordo com Douglas Belchior, membro da coordenação geral da União de Núcleos de Educação Popular para Negros e Classe Trabalhadora (Uneafro Brasil), esse é mais um dia de luta para o povo. No entanto, não foi assim sempre. Durante muitos anos era comemorado como uma data folclórica, afirma, ressaltando que alguns movimentos mais radicais preferiam não se manifestar nesse dia, pois consideravam somente o 20 de novembro (Dia da Consciência Negra) como data para reivindicar.
Situação que mudou nos últimos anos. Hoje, o dia 13 de maio não é mais uma data qualquer para o movimento negro brasileiro. Agora, o Movimento Negro resignificou o 13 de maio como um dia de luta do povo negro, destaca.
Não é a toa que há tantas lutas e reivindicações dessa população. Ainda hoje, os negros no Brasil ainda são alvos de discriminação por conta da cor da pele, violência e ataques até mesmo de agentes públicos.O próprio Estado tem em curso um projeto de genocídio contra a população negra, desabafa Belchior.
A revolta do coordenador da Uneafro é um eco das mães de jovens negros assassinados no país. Nesta última terça-feira (11), representantes do movimento negro protocolaram na Casa Civil de São Paulo uma carta pedindo ao governador do Estado, Alberto Goldman, uma declaração pública sobre a violência exercida por policiais militares contra os negros ocorridas nos últimos dias, que resultou na morte de dois jovens.
Eduardo Luís Pinheiro dos Santos, 30 anos, e Alexandre Santos, 25 anos, tinham muitas coisas em comum. Além do sobrenome e de serem ambos trabalhadores motoboys, eram negros! Talvez por isso a infeliz coincidência também em suas violentas mortes, declararam os movimentos na carta ao governador.
Além de Uneafro-Brasil, assinaram o documento: Movimento Negro Unificado (MNU), Círculo Palmarino, Tribunal Popular, Núcleo de Consciência Negra da USP, Mães de Maio, Sujeito Coletivo USP, Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Sem Teto(MTST), Fórum Estadual de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente de São Paulo.

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