Em meio ao debate sobre o racismo e os ?rolezinhos? ? encontros de jovens em shoppings, marcados pelas redes sociais ?, pesquisas revelam que os brasileiros, embora se considerem uma nação preconceituosa, têm dificuldade de reconhecer as próprias atitudes discriminatórias.
Segundo levantamento desenvolvido no fim do ano passado pela empresa Expertise, 72% dos entrevistados consideram o brasileiro um povo preconceituoso. Quando questionados a respeito da própria conduta, os dados mudam: 91% afirmam que, caso fossem donos de uma empresa, contratariam um negro.
?Pimenta nos olhos do outro é colírio. O brasileiro enxerga o outro como preconceituoso, mas tem dificuldade em admitir que também é?, afirmou Marcelo Cenni, diretor da Expertise. ?Ainda assim considero os números altos. Uma em cada dez pessoas não contrataria um negro e isso é um absurdo?. Ao todo, 1.215 pessoas foram ouvidas.
O sociólogo Rodrigo Ednilson de Jesus, professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), concorda que o brasileiro tem dificuldade em admitir que é preconceituoso e acredita que essa negação impossibilita o enfrentamento do problema. ?A imagem do Brasil como lugar do encontro e da mistura dificulta o reconhecimento de que o racismo existe enquanto prática de segregação. Ao mesmo tempo em que há a imagem de uma democracia racial, existe uma prática que contradiz isso?.
O governador Antonio Anastasia sancionou, no último sábado, a Lei 21.152, que estabelece diretrizes e objetivos para a formulação da política estadual de combate às discriminações racial e étnica.
O texto determina a criação de linhas de pesquisas e de estudos voltados para o tema das relações raciais.

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