No dia da mentira, aprenda como não cair em fake news

Notícias falsas tendem a se disseminar rapidamente em aplicativos para dispositivos móveis

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Algumas mentirinhas, como as da tradição desta segunda-feira (1º de abril), Dia da Mentira, são brincadeiras ingênuas. Outras, no entanto, apresentam grande perigo social. São as fake news (notícias falsas), que podem enganar eleitores ou consumidores e destruir reputações.

Por isso, a Lupa, primeira agência especializada em checagem de fatos no país, reuniu dicas simples para auxílio na identificação de fake news. As orientações são da diretora da Lupa, Cristina Tardáguila.

1) Confirme a data da publicação da informação
Recuperar uma informação velha, repaginar e redistribuir o dado como se fosse atual é fácil e muita gente faz. Outra prática é o compartilhamento de uma notícia antiga como se tratasse da atualidade. Mico.

2) Não leia só o título
Em notícias, o título de uma reportagem ou artigo é construído para fisgar a atenção do leitor. Nas notícias falsas, o título pode dizer uma coisa e o conteúdo ser outro. Por isso, leia tudo.

3) O autor/fonte da informação
Qual é o interesse daquele autor em publicar aquela informação? Questione-se. De quem você está recebendo aquele dado? É de alguém que você confia? Ou vem de um site que você nunca ouviu falar ou de um autor que não tem nenhuma referência?

4) Site imita URL de veículos da mídia
Normalmente as fake news tentam se passar por verdadeiras. Por isso, muitas vezes elas copiam o endereço de sites de mídia. Então, desconfie se vir www.hjemdia.com.br por aí.

5) Desconfie de frases repetidas com dados exagerados
Pense duas vezes antes de acreditar que alguma coisa é a maior ou a menor do mundo. Porcentagens não confirmadas por números absolutos podem esconder exageros.

Como surgiu o ‘Dia da Mentira’

Mas por que essa data existe e qual é a sua origem exata? De acordo com o mestre Cláudio Fernandes, consultado pelo site educativo Brasil Escola, é difícil precisar a data, mas sabe-se que uma decisão do rei francês Carlos IX indiretamente criou o dia das mentiras.

Carlos decidiu alterar o calendário vigente na França e em domínios do seu reinado. Saía da jogada o calendário juliano (proposto por Júlio César no século I a.C.) e entrava o gregoriano, pensado pelo Papa Gregório XIII e, portanto, influenciado pelo cristianismo católico.

A mudança alterou datas comemorativas, como o Réveillon. Até antes da segunda metade do século XVI e da alteração de Carlos, o Ano Novo nos países ocidentais era comemorado sempre em 25 de março, ocasião em que a Primavera chegava ao Hemisfério Norte. O Ano Novo nascia e era comemorado durante uma semana, de 25 de março a 1º de abril, com troca de presentes e bailes noite adentro.

A nova data de Reveillón (1º de janeiro) pegou e é usada até hoje, como você sabe. No entanto, em 1564 demorou um pouquinho mais para entrar na cabeça e nos hábitos dos súditos do rei Carlos. Assim, boa parte dos franceses continuava comemorando a virada do ano durante a passagem do mês de março para o mês de abril.

A brincadeira começa aí: quem já estava ligado no novo calendário zombava dos desavisados, que eram chamados de tolos ou “bobos de abril”. Além disso, essas pessoas que não sabiam da mudança – ou preferiam ignorá-la – eram acusadas de comemorarem de forma mentirosa a passagem do ano.

Duzentos anos mais tarde, a brincadeira chegou à Inglaterra e, daí, pulou para os demais países ocidentais.

Casos famosos

Em 1º de abril de 1848: um jornal pernambucano noticiou o falecimento do então imperador do Brasil Dom Pedro II. O homem, no entanto, só morreu em 1891, na França. O jornal precisou desmentir a brincadeira dois dias depois da publicação.

Em 1º de abril de 2000: o Google liberou ao público uma nova funcionalidade, capaz de ler a mente das pessoas. Segundo a empresa, bastava olhar fixamente para a tela e ter sua pesquisa realizada.

Em 1º de abril de 2017: o jornal Mirror, da Inglaterra, publicou uma notícia completa sobre uma nova regra, que permitiria que cavalos de corrida usassem fones de ouvido durante as competições no país. Naquele país, os jornais levam a sério as brincadeiras do Dia da Mentira.

 

 

Fonte: Hoje em Dia ||

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Sobre o autor

Priscila Rocha

Jornalista formada pela Puc Minas