Embora o Conselho Monetário Nacional (CMN) tenha mudado as regras do cartão de crédito para beneficiar o consumidor, impedindo que o cliente permaneça no rotativo por meses a fio, especialistas alertam que os juros do parcelamento oferecido pelo banco ainda estão impraticáveis.

A solução é pesquisar taxas de crédito melhores. Com elas, é possível reduzir em mais de duas vezes o débito, quando comparado com a taxa disponibilizada pela instituição financeira.

As mudanças começaram a valer em primeiro de junho deste ano. Desde então, clientes que pagam o mínimo e aqueles que atrasam a fatura arcam com juros iguais no primeiro mês do rotativo. Ao final dos 30 dias, a pessoa deve quitar o débito ou parcelá-lo. Neste caso, o banco disponibiliza uma taxa menor.
Conforme dados de maio do Banco Central, as instituições financeiras têm oferecido aos consumidores taxa de 165,5% ao ano, o equivalente a 8,48% ao mês. Isso significa que, quando não quitada, uma dívida de R$ 1.000 se transformará em R$ 2.655,80.

No rotativo não regular, cobrado quando havia atraso no pagamento, a taxa era de 346,1% ao ano. Quando essa taxa incidia sobre a mesma dívida de R$1.000, o débito ia às alturas e batia em $ 4.460.

Comparando as situações, é possível perceber uma economia de R$1.804,2. O problema é que o banco possui várias linhas de crédito com juros bem menores à disposição do consumidor.

“O ideal é que o cliente faça um empréstimo com juros menores e quite a dívida do cartão”, aconselha o economista e coordenador do curso de Administração do Ibmec, Eduardo Coutinho.

Consignado
Opções não faltam. No crédito consignado, por exemplo, a taxa anual é de 25,4% e a mensal de 1,9%. Isso significa que a dívida de R$ 1.000 se transformaria em R$ 1.254 ao fim de 12 meses. O montante é quase cinco vezes menor do que os R$ 4.460 que deveriam ser pagos no rotativo não regular e mais de duas vezes inferior à dívida no parcelamento oferecido pelo banco.

“Com esse tipo de linha de crédito, o empréstimo é descontado todos os meses no contracheque de quem pega o dinheiro. Mas ele tem um fator limite”, diz Coutinho. O empréstimo não pode comprometer 30% da renda dos trabalhadores, pensionistas e aposentados.

CDC
Outro bom exemplo é o Crédito Direto ao Consumidor (CDC). [/TEXTO]Conforme dados do Banco Central, esse tipo de empréstimo é menos vantajoso do que consignado, mas muito melhor do que o parcelado oferecido pelas instituições bancárias. Com taxa anual de 114,7% e mensal de 6,5%, um débito de R$ 1.000 se transforma em R$ 2.147 em 12 meses. O valor é metade do que seria pago no rotativo não regular e 1,5 vez inferior ao montante no parcelado do banco.

“O cartão de crédito é uma ferramenta maravilhosa e o uso dele é muito saudável. Mas é necessário ter consciência e parcimônia na forma de utilizá-lo”, afirma o diretor Executivo de Estudos e Pesquisas Econômicas Associação Nacional dos Executivos de Finanças Administração e Contabilidade (Anefac), Miguel Oliveira.
A produtora cultural Flávia Nascimento já viveu na pele as dificuldades de encerrar uma dívida com o cartão de crédito. “Há mais de dez anos tive problemas para receber meu salário e atrasei o cartão dois ou três meses. Fui ao banco e negociei. Mas é incrível como essa dívida aumenta rápido”, critica.

 

Fonte: Hoje em Dia ||

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