Nesse golpe, as vítimas são sempre pessoas com dívidas em cartórios. Ao receber um telefonema de um suposto cobrador é preciso, primeiro, tentar manter a calma. Depois, lembrar que nenhum cartório entra em contato com os devedores pelo telefone. As comunicações são feitas apenas por correspondência. São cuidados que muitos têm esquecido. O golpe já fez e continua fazendo muitas vítimas.
Um telefonema ameaçador. ?Eles ligaram na minha empresa e disseram que teriam títulos a serem protestados em pouquíssimo tempo. Se eu não depositasse, negativariam tanto a minha empresa quanto o meu CPF?, lembra a vítima, que prefere não se identificar.
Ele conta que do outro lado da linha alguém cobrou uma dívida, vencida, de R$ 2 mil. Ele quase acreditou, por um motivo: ?A coerência dos dados, o fato de eles terem todos os meus dados?.
O golpe é quase sempre assim. Por telefone, alguém se faz passar por funcionário de um cartório. Mostra que tem informações detalhadas sobre a vítima, como nome, endereço, CPF. E ameaça: a dívida tem que ser paga logo, em dinheiro, em uma conta corrente informada na hora pelo golpista.
Em geral, pequenos e médios empresários são os mais visados. Fazem muitos contratos e podem eventualmente se esquecer de um pagamento.
?Quando receber uma ligação dessas, a pessoa deve procurar o cartório para checar a existência daquela dívida, da forma de pagamento e não efetuar o depósito?, explica a delegada de defraudações Ivone Rosseto.
Duas dicas: cartórios nunca telefonam para cobrar. Mandam pelos correios. E ninguém é obrigado a pagar dívida imediatamente. Por lei, o devedor tem um prazo de três dias úteis depois da cobrança do cartório.
?Não caia nessa, não acredite. Não existe fazer depósito em duas horas, 40 minutos, não existe isso?, garante a tabeliã Ionara Pacheco.
Quem cai, pode parecer ingênuo, mas até quem trabalha em cartório, uma vez demorou para desconfiar da conversa de um golpista que parecia convincente.
?Sabiam o suficiente para conversar comigo por 40 minutos ao telefone e eu ter quase certeza que realmente eu devia aquilo?, admite a tabeliã Ionara Pacheco.
O que também leva muita gente a cair no golpe é a oferta de um desconto, um abatimento na dívida. Uma vantagem tentadora, que pode custar caro.

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