Com a saída de Rui Sobreira da provedoria da Santa Casa de Caridade de Formiga, na quarta-feira (28), notícia divulgada em primeira mão pelo portal, Sidney Ferreira, que já compunha a nova mesa administrativa foi designado para assumir o posto de provedor.
Waltercydes Montijo (Waltinho contador) foi integrado à mesa e deve assumir o cargo de tesoureiro, antes ocupado por Sidney, que ainda desempenhava a função de vice provedor, que será transferida para Carlos Lamounier.
Além de Sidney, Carlos e Waltinho, fazem parte da comissão interventora: a secretária de Saúde Maria Inês Macedo (primeira-secretária) e o vereador José Geraldo da Cunha (Cabo Cunha).
Mesmo com a sucessão, os trabalhos na entidade precisam continuar e de acordo com Sidney, a preocupação maior está em manter os pagamentos dos funcionários da Santa Casa. ?A dificuldade é imensa, mas já temos condições de afirmar que a folha de pagamento dos funcionários, referente ao mês de janeiro está garantida. Para tanto, o pagamento de muitos fornecedores continua em atraso?.
Sobre a análise de documentos e possível constatação de irregularidades, Sidney Ferreira afirmou que existem sim, procedimentos adotados pela antiga gestão que não estão em conformidade com o que a atual mesa considere adequado. ?Há sim contratos e decisões com as quais não concordamos, mas afirmar se está certo ou errado, se é ou não ilegal, é função da justiça?, explicou.
No período em que Rui Sobreira esteve à frente da provedoria, atitudes foram tomadas, incluindo demissões de profissionais que ocupavam cargos de gestão. Segundo a mesa, o objetivo maior foi cortar os altos salários, já que o maior problema da entidade é o déficit orçamentário.
Acordos com a Prefeitura para a realização de pagamentos em atraso também foram feitos. Parte dos valores foram repassados. ?O repasse não foi concluído e dependemos justamente dele para pagar profissionais como a equipe da UTI Neonatal, que já havia divulgado que se os pagamentos não fossem feitos, a unidade encerraria as atividades. Parte dos valores do mês de novembro do ano passado já foi repassada para esses profissionais, mas é necessário colocar os pagamentos em dia, assim como quitar dívidas com médicos de outros setores?, comentou Sidney Ferreira, que como provedor pretende reorganizar as ações da mesa. ?Vamos fazer um balanço do que deu certo e do que não deu para continuarmos trabalhando?.
O novo provedor explicou que a dotação orçamentária de quase R$4 milhões do Estado, aprovada pelo Legislativo, não diminui os problemas da Santa Casa. ?Boa parte desses valores são de serviços já prestados que ainda não foram pagos. É necessário que a população entenda que os serviços prestados na entidade continuam. A dificuldade é que alguns profissionais já estão em falta, como obstetras, o que pode sim levar ao fechamento da maternidade. Mas estamos conseguindo manter o atendimento como já era feito. É um grande desafio, vencemos um dia de cada vez?, comentou Sidney Ferreira, que fez questão de esclarecer que todos os membros da mesa administrativa trabalham como voluntários.

Relembre o caso
No dia 19 de dezembro de 2014, a partir de uma ação civil pública proposta pelo Ministério Público que apontou a existência de diversas irregularidades na gestão da Santa Casa, a entidade foi colocada sob intervenção. Toda a mesa administrativa da época foi destituía e membros da comunidade e representantes do Executivo e do Legislativo compuseram a nova mesa (interventora).
Dentre as irregularidades apontadas pelo MP estão: descumprimento dos contratos firmados com o estado de Minas Gerais e com o município de Formiga para prestar serviços de assistência médica pelo Sistema Único de Saúde (SUS); ausência de pagamento pela prestação de serviços de hemodiálise; atraso e inadimplência no pagamento de honorários médicos; ausência de médicos plantonistas em diversas datas; cobrança ilícita pela prestação de serviços médicos de pacientes atendidos pelo SUS (inclusive com a emissão de notas fiscais); terceirização irregular de várias atividades médicas, como fisioterapia e análises clínicas; insuficiência do quadro de profissionais da área de enfermagem; interdição de leitos para internação; desvio de bens; precariedade das instalações da maternidade e contratação sem licitação de empresas vinculadas ao então provedor, o médico Geraldo Couto.
Não foi divulgado um prazo para o encerramento das investigações. Porém, periodicamente os membros da mesa interventora precisam apresentar á justiça relatórios sobre os trabalhos desenvolvidos em prol da recuperação financeira da entidade.

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