Para coibir os ataques a bancos em Minas Gerais, não adianta a polícia agir durante o assalto, de acordo com especialistas. Como os bandidos usam armamento pesado e são muito organizados, um confronto geralmente leva a mortes e coloca a população em risco. Para estudiosos, o problema só poderá ser reduzido antes da ação acontecer, com serviço de inteligência e uma atuação articulada entre as várias forças de segurança dos respectivos Estados.

Mas o que tem sido feito atualmente, de acordo com declaração dada nessa terça-feira (5) pelo governador Fernando Pimentel, durante evento na capital, é “enxugar gelo”. Ele disse que a responsabilidade de combater esse tipo de ataque é da Polícia Federal (PF), já que a prática, segundo ele, é planejada pelo crime organizado fora das fronteiras do Brasil, com armamento pesado comprado no exterior.

“A Polícia Federal deveria estar mais empenhada, mas o crime não é preocupação de Brasília. Nós estamos fazendo a nossa parte e precisamos de mais apoio das autoridades federais para isso”, afirmou.

Em palestra na capital, o delegado da PF Bruno Calandrini disse que não é possível afirmar que as quadrilhas não são de Minas – inclusive, dos quatro presos nessa terça-feira (5), ao menos dois, com extensa ficha criminal, são do Estado, segundo a polícia. “A segurança pública é atribuição da União, dos Estados e dos municípios. Imputar somente à PF essa atribuição é má- fé”, disse o delegado.

Em setembro deste ano, o governo de Minas criou uma força-tarefa envolvendo as polícias Militar, Civil e Federal, representantes de bancos e da administração prisional para combater os assaltos às agências. A Polícia Civil não deu números, mas disse que está trabalhando para traçar ações.

Em dois dias foram registrados cinco ataques: três na região Centro Oeste (Arcos, Pompéu e Oliveira), emTapira (Alto Paranaíba) e em Santa Rita de Caldas (Sul de Minas).

Cerco

 Um grande cerco foi montado nessa terça-feira (5) para a captura de quatro dos 15 suspeitos envolvidos na ação em Pompéu.

Segundo a Polícia Militar (PM), as prisões foram feitas em conjunto com a Polícia Civil na cidade de Moema e na BR-494.

O comandante da 7ª Região da Polícia Militar (RPM), coronel Helbert Willian Carvalhaes, informou que dois dos detidos foram presos em um posto de gasolina em Moema. Os outros dois suspeitos estavam no trecho da BR-494 entre Pará de Minas e São Gonçalo do Pará.

A Polícia Militar foi dura ao comentar a situação e criticou o que classifica como falta de atitude dos bancos para proteger agências e caixas eletrônicos, que se tornaram alvo fácil de criminosos. Para o major Flávio Santiago, assessor de imprensa da corporação, muitas vezes a medida adotada pelas instituições financeiras é a simples retirada dos caixas das pequenas cidades, alvo preferido dos ladrões.

Para o policial, há iniciativas de sucesso da rede bancária para evitar os roubos dos caixas, como a ativação de um mecanismo que suja as notas com uma tinta caso um caixa seja explodido. Essa medida inviabiliza o uso do dinheiro roubado. “As notas pintadas em alguns pontos mostrando eficiência na ação já deveriam ter sido padronizadas no Brasil e infelizmente ainda não vemos essa ação por parte desse setor, que é importante para nossa sociedade, mas precisa atuar veementemente com isso”, diz o major. O policial aponta também a facilidade no acesso aos bancos, muitas vezes protegidos apenas por barreiras de vidro que são facilmente rompidas, e destaca que as empresas deveriam usar soluções de maior resistência para os caixas eletrônicos. “É inconcebível que no século 21 você tenha facilidades de na madrugada chegar a esse cockpit, que é o invólucro do caixa automático. É imprescindível que haja ação. Ação é múltipla, não é só de polícia”, afirma o major.

Febraban

A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) disse, em nota, que os bancos empenham grandes esforços “para contribuir com as autoridades no combate a esse problema de segurança pública”. 

 

 

Fonte: O Tempo/Estado de Minas/G1||

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