O número de crianças desaparecidas em cidades do interior de Minas Gerais quase dobrou nos últimos três anos, segundo o Núcleo de Comunicação da Delegacia de Pessoas Desaparecidas de Belo Horizonte (DRPD). Em 2010, foram 24 desaparecimentos e, em 2012, 46.
Na maioria dos casos, as vítimas somem enquanto brincam em frente às suas casas, como aconteceu com a menina Emilly Ferrari, 8, que foi vista pela última vez há três meses, em Rio Pardo de Minas, na região Norte do Estado. Para a titular da DRPD, a delegada Cristina Coelli Cicarelli, uma das principais razões para o aumento dos casos no interior é a sensação de segurança que pais e responsáveis têm nas cidades pequenas.
?Cinco minutos de descuido podem facilitar a ação do agressor. Muitas vezes, as famílias do interior, por viverem em municípios pequenos, acreditam que ali não existe o risco, já que todos se conhecem, as pessoas se ajudam, são amigas. Mas o agressor, o sequestrador, o pedófilo, o maníaco percebe isso no interior e escolhe aquele local para agir?, disse, ressaltando que, em Belo Horizonte, os pais costumam ter mais cuidados.
?Na capital, é comum que as famílias mantenham constante vigilância, que nunca deixem as crianças sozinhas, pois consideram os riscos?, explicou. Atualmente, a delegacia trabalha em 2.766 casos em toda Minas Gerais, englobando vítimas de todas as idades.
Tristeza
A família de Adriel Felipe Tavares Cordeiro, hoje com 10 anos, é uma das que sofrem por ter permitido que o garoto brincasse sozinho, no quintal de casa, com seus dois dinossauros de brinquedo. Ele desapareceu em março de 2010, com 7 anos, quando a mãe arrumava a casa.
?Cheguei a me mudar de lá, fiquei muito deprimida?, contou a mãe, a operadora de telemarketing Élida Elisa Tavares, 38. O caso aconteceu em São Gonçalo do Pará, na região Cento-Oeste de Minas, cidade com pouco mais de 10 mil habitantes. Até hoje, ninguém foi preso, e ainda não existem informações sobre o paradeiro de Adriel.
?Estou esperançosa com o novo caminho da investigação, mas estou morta por dentro. O que me dá forças é ter que trabalhar para cuidar da minha outra filha, de 11 anos?, desabafou a mãe.
Quem tiver informações sobre os desaparecidos, pode ligar para 181 ou 0800 28 28 197. A ligação é anônima.
Mito
Quando uma pessoa desaparece, não é preciso esperar 24 ou 48 horas para acionar a polícia. Assim que for dada a falta, a família deve procurar ajuda. A demora pode prejudicar a localização, segundo a Polícia Civil.

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