O número de mortos nos atentados de domingo de Páscoa no Sri Lanka subiu para 290, informou a polícia nesta segunda-feira (22). Cerca de 500 pessoas ficaram feridas nos ataques que atingiram três igrejas e quatro hotéis nesse domingo (21).

O porta-voz do governo, Rajitha Senaratne, afirmou que, 14 dias antes dos ataques, relatórios do serviço de inteligência indicaram que eles ocorreriam.

Nenhum grupo reivindicou a autoria dos ataques, mas o governo atribui as ações ao grupo National Thowheeth Jama’ath (NTJ). As autoridades acreditam que os ataques tenham sido realizados com a ajuda estrangeira, por isso, vai pedir ajuda externa para rastrear as ligações internacionais.

As investigações continuam e, até o momento, 24 pessoas foram detidas. Nesta segunda-feira, a polícia encontrou 87 detonadores de bombas na principal estação rodoviária da capital do Sri Lanka, Colombo, e a explosão em uma van ocorreu perto de uma das igrejas que já tinha sido alvo de ataque no domingo, segundo a Reuters.

O presidente Maithripala Sirisena, que estava no exterior quando os ataques aconteceram, declarou estado de emergência no país. A medida concederá à polícia e aos militares amplos poderes para deter e interrogar sem ordem judicial.

O governo do Sri Lanka ainda decretou um dia de luto nacional para terça-feira. O país não registrava um cenário de tamanha violência desde o fim da guerra civil há 10 anos.

Vítimas

A polícia não divulgou uma lista de vítimas, mas acredita-se que a grande maioria seja de cidadãos do Sri Lanka.

O Ministério das Relações Exteriores acredita que 35 estrangeiros estão entre os mortos.

Entre eles, estão três filhos do bilionário dinamarquês Anders Holch Povlsen, dono da grife Bestseller, de acordo com a BBC.

A imprensa internacional já relatou a morte de cinco britânicos (incluindo um anglo-americano), um português, seis indianos, dois turcos, dois chineses, dois australianos, um holandês e um japonês.

Ataques

Oito explosões foram registradas na capital do Sri Lanka, Colombo, e nas regiões de Katana e Batticaloa por volta das 8h45 (0h15, no horário de Brasília) de domingo (21).

Entre os alvos estavam três igrejas, onde aconteciam as missas da Páscoa. Os hotéis cinco-estrelas Shangri-La, Kingsbury, Cinnamon Grand e um quarto hotel, todos em Colombo, também foram atingidos. Uma explosão ainda foi registrada em um complexo de casas.

Autoridades dizem que maioria das explosões foram ataques suicidas e temem que por trás dos ataques estejam militantes do Estado Islâmico que retornaram do Oriente Médio.

Pessoas mortas após atentado em igreja de Santo Antônio em Colombo, Sri Lanka, neste domingo (21) – Foto: AFP

Ainda no domingo, a Força Aérea do país disse ter encontrado mais um explosivo caseiro, que foi removido, em uma área próxima ao principal aeroporto de Colombo.

Horas mais tarde, outras duas explosões ocorreram durante buscas da polícia por suspeitos: uma perto do zoológico, no sul de Colombo, e outra no distrito de Dematagoda, que deixaram três policiais mortos.

Bloqueio de redes sociais

O governo do Sri Lanka bloqueou o uso de redes sociais após os ataques. Estão fora do ar Facebook, WhatsApp, Instagram, YouTube, Viber, Snapchat e Facebook Messenger, de acordo com a rede de monitoramento NetBlocks.

Autoridades disseram no domingo (21) que iriam bloquear temporariamente as redes para evitar a disseminação de notícias falsas e acalmar tensões durante o período de investigações. Elas temem que boatos alimentem discursos de ódio e gerem mais violência.

O governo também impôs um toque de recolher das 18h às 6h (horário local).

Segundo a Netblocks, esta não é a primeira vez que o governo do Sri Lanka bloqueia redes sociais, o que aconteceu também durante episódios de violência registrados em março de 2018.

Ainda de acordo com a rede, muitas pessoas reclamam porque, sem acesso às redes, não conseguem obter informações sobre parentes e amigos para saber se estes estão bem após os ataques.

Ivan Sigal, diretor executivo do Global Voices, uma organização de advocacia digital e jornalismo ouvido pelo “New York Times”, ressalta que o bloqueio não é totalmente efetivo porque as pessoas podem usar redes privadas virtuais (VPNs, na sigla em inglês) para burlar a proibição.

Mas, ainda de acordo com Sigal, os cidadãos mais pobres, justamente aqueles que mais dependem das redes sociais para se comunicar com familiares à distância, não têm acesso fácil às VPNs e serão os mais prejudicados pelo bloqueio.

 

 

 

Fonte: G1||

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