Não são alvissareiras as notícias que chegam da região de Furnas, o mar doce doce-mar de Minas Gerais. Banhando 34 cidades, transformadas todas elas de forma geral em destino turístico náutico, o lago de Furnas continua fornecendo água e condições de navegação aos rios Tietê e Paraná, já adentrando para o Estado de São Paulo e daí até o Rio Paraguai, ou seja, Minas, que antes dava leite e café, agora também fornece água para os que estão à jusante destas montanhas. E sem nenhuma contrapartida dos que se beneficiam das águas de Minas, pelo contrário.

O que ocorre é que enquanto o lago de Furnas desce a uma média de três a quatro centímetros por dia, o Tietê engrossa suas águas e garante aos que estão abaixo de Minas Gerais, do ponto de vista geográfico, o escoamento de seus comboios de soja e outros produtos que usam a hidrovia com a anuência da Agência Nacional das Águas (ANA), sem que para isso a agência reguladora tenha a devida autorização legal. Aliás, há uma decisão de um juiz local que manda Furnas fazer imediatamente o necessário inventário ambiental para que a empresa de energia elétrica possa continuar operando, ou seja, Furnas está operando ilegalmente.

Enquanto as cidades banhadas pelo “mar de Minas” protestam e pedem socorro, corre na Assembleia Legislativa do Estado uma Proposta de Emenda Constitucional, a PEC 52/20, que prevê o tombamento do Lago de Furnas como patrimônio natural e define que ele permaneça com a cota mínima de 762 metros, abrangendo 34 municípios do sul e centro-oeste mineiro. A aprovação dessa PEC, com a consequente manutenção da conta de 762 metros, permitirá que o lago seja utilizando, sem prejuízo da geração de energia, em atividades de agricultura e piscicultura, além de ampliar, com quer a região, o turismo náutico – com o apoio sem dúvida da Capitania dos Portos de Minas Gerais, sediada em Belo Horizonte.

Mas é preciso que o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Agostinho Patrus, parlamentar sempre em defesa dos interesses de Minas, a exemplo de seu pai, o falecido Agostinho Patrus, também ex-presidente da Assembleia, coloque a PEC 52/20 para andar até a sua aprovação final. E não só ele. O governador Romeu Zema, que já colocou seu secretário de Turismo para atuar em favor de Furnas junto aos órgãos federais, também entre nessa luta pelo doce-mar de Minas, o lago de Furnas. A mobilização das forças políticas do Estado em defesa do lago de Furnas é fundamental para que o patrimônio que ele representa seja preservado e mais do que isso expandido – repito – sem risco para a geração de energia. A convocação de Minas para essa luta é inadiável – e faz lembrar o saudoso Itamar Franco – até porque a cota do lago baixou dois centímetros do dia 15 para o dia 16 de julho, acumulando uma perda nesse período de seca nada menos de 0,97cm, ou seja, praticamente um metro, que deverá ser a cota de hoje, sexta-feira. Por isso não é demais falar que o lago de Furnas pede socorro e com urgência.

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