O técnico Dunga disse nesta semana ser ?completamente diferente? de Diego Maradona, comandante da adversária Argentina, que o Brasil enfrenta no sábado pelas eliminatórias para a Copa do Mundo de 2010.
?Não tem nada a ver um com o outro. Totalmente diferente. Em todos os sentidos?, disse Dunga em entrevista coletiva após um dos treinos da seleção em Teresópolis, ao responder a um jornalista que pediu uma comparação entre o técnico e Maradona.
?O futebol com 11 Maradonas não iria dar certo, o futebol com 11 Dungas não iria dar certo. Cada um tem sua característica e sua forma de ser, totalmente diferente um do outro?, completou.
Maradona tem procurado apimentar a partida entre os arqui-rivais sul-americanos com declarações polêmicas. Ele já afirmou, por exemplo, que os argentinos têm mais ?fome de glória? que os brasileiros e também pediu que a partida seja disputada no mais acanhado estádio do Rosário Central, em vez do tradicional Monumental de Nuñez, do River Plate, para aumentar a pressão sobre os brasileiros.
Dunga, por sua vez, procurou manter-se longe das controvérsias e minimizou a rivalidade com Maradona, contra quem atuou como jogador em partidas entre as duas seleções. Eu não me preocupo com os outros, eu me preocupo com a seleção brasileira. Cada um teve sua história como jogador e agora está trilhando como treinador?.
Questionado se colocará uma marcação especial sobre o atacante Lionel Messi, principal estrela da equipe argentina, Dunga sinalizou que o astro do Barcelona não receberá atenção especial da defesa brasileira. ?Temos que ter precauções naturais, mas temos que jogar também?, comentou.
O treinador reclamou, ainda, das questões extra-campo que envolvem a seleção brasileira e de ter que ?apagar um incêndio por dia? no cargo. ?Todo mundo cria um circo e a gente entra no picadeiro?, afirmou sem dar mais detalhes. ?Aí a gente tem que responder pelo circo que os outros criaram?, disse.
Após 16 anos, Maradona volta a enfrentar o Brasil. Agora, o principal ídolo argentino é técnico e, por coincidência, desafia Dunga, sua vítima na Copa de 1990. No Mundial da Itália, o ex-camisa 10 fez a jogada do gol marcado por Caniggia, que eliminou a equipe do técnico Sebastião Lazaroni nas oitavas de final.
No retrospecto geral, porém, Maradona é freguês do Brasil. Foram seis partidas, com três vitórias da seleção nacional, dois empates e um triunfo do rival sul-americano, justamente na Copa de 90.
Dunga foi crucificado pela imprensa e se tornou o símbolo daquele fracasso. Foram necessários quatro anos para o ex-volante reagir e levantar o troféu do tetracampeonato como capitão do time verde-amarelo, nos Estados Unidos.
Ambos iniciaram a carreira como treinador recentemente, e o brasileiro já conquistou dois títulos – faturou a Copa América e a Copa das Confederações. Além disso, está muito perto de participar de um Mundial na nova profissão.
Já Diego Armando Maradona tem como missão tirar a Argentina de uma situação complicada nas eliminatórias. O rival ocupa a quarta colocação, com 22 pontos. Se não ganhar sábado, às 21h30, em casa, corre o risco de deixar a zona de classificação à Copa. ?Nós superamos eles em motivação. A nossa motivação é ir ao Mundial, e se ganharmos já estaríamos classificados?, destacou o comandante argentino.
?Do Brasil me preocupa tudo, especialmente o arranque de Kaká. Não podemos deixar que ele se aproxime do Robinho. A Dunga mando uma grande saudação. Respeito-o muito, e está fazendo muito bem as coisas. O Brasil sabe do poderio da Argentina?, argumentou Maradona.
O Brasil lidera as eliminatórias para o Mundial da África do Sul com 27 pontos, seguido por Chile (26), Paraguai (24) e Argentina (22).
Somente os quatro primeiros colocados se classificam diretamente para a Copa do Mundo. O quinto colocado terá de disputar uma repescagem contra um representante da Concacaf.

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