Um único meio de transporte que se transforma em várias modalidades. Com uma bicicleta, pode-se chegar a vários lugares e posições de campeonatos de diferentes formas, tendo pela frente desafios dos mais diversos como estradas, pistas, pedras, trilhas, poeira, riachos e muita lama.

O que não faltam são opções para se desbravar torneios e paisagens pedalando. Para cada tipo de terreno e evento, uma bike diferente, condizente com o que é necessário para se obter o melhor resultado. Mesmo com tantas opções disponíveis, Minas Gerais se mostra com terrenos e condições ideais para a prática de modalidades como BMX, downhill, enduro, o mountain bike e o ciclismo de estrada e pista.

Entre uma e outra, o Brasil marca presença, mesmo que ainda esteja longe das principais potências. A que tem o país com mais praticantes e melhores resultados é o mountain bike, que pode ser disputado em formato de cross-country (competições com pistas de cinco ou seis quilômetros, em que os competidores dão várias voltas no percurso) ou em maratona (percurso em que a pista possui maior extensão como de 40km).

Henrique Avancini possui os melhores resultados de um representante do país na história da modalidade. O atleta fluminense fez o Brasil cravar um posto nunca antes ocupado ao cravar a 10ª posição no ranking da União Ciclística Internacional (UCI) durante o ano de 2015. No final dos anos de 2013 e 2015, ele terminou o ano colocando o Brasil na melhor colocação da sua história, em 15º.

Apesar das várias opções disponíveis, o MTB mostra ter um maior número de praticantes por todas as vantagens que fornece. “É uma modalidade mais democrática. Você consegue praticar em vários lugares, como trechos pavimentados ou não, trilhas e montanhas, podendo afrontar vários tipos de terrenos e estar presente em lugares isolados e distantes que acabam proporcionando uma experiência única”, comenta Avancini.

Modalidades diferentes se complementam

Apesar de ter o MTB como sua prioridade e meio de vida, Avancini não fecha os olhos para outras modalidades. Sua presença à bordo de bicicletas com diferentes características o permite ter uma experiência diferente, assim como formas distintas de treinamento. “Já pratiquei outras modalidades de ciclismo, como o de estrada. Quando eu ainda fazia parte da categoria Júnior, cheguei a competir em Pan-Americanos e Mundiais. Costumo praticar em estradas para complementar meu treinamento quando preciso fazer atividades de recuperação. Isso acontece para dar um descanso para os músculos após os impactos que o MTB exige”, indica o ciclista, que também vê benefícios desta opção para atletas amadores. “Ele ajuda a desenvolver uma boa capacidade aeróbica, assim como uma maior cadência e melhor controle do giro das pernas, que se tornam mais eficientes”, detalha.

Além do ciclismo de estrada, Avanini também usa o enduro como opção na sua rotina de treinamento. “As modalidades, de uma forma geral, se completam muito. Sempre se consegue tirar um ensinamento de uma para ser usado em outra. Quando se está aberto a experiências em cima de uma bike, tudo fica mais fácil e benefícios vão, certamente, aparecer. São inúmeros os casos de atletas de MTB que foram para a estrada, de BMX que foram para o MTB e que começaram no mountain bike e pararam no downhill ou enduro. As opções se comunicam bastante”, revela.

Independentemente da opção, o que mais vale para a turma do ciclismo é estar em cima de uma bicicleta, seja para competir ou como um simples hobby. Conseguir percorrer lugares em menor tempo sem poluir o ambiente é uma das maiores vantagens da bicicleta, que revela vários atrativos para quem a tem como fiel companheira. “Não gosto muito de segregar as modalidades, vejo tudo como ciclismo, embora as opções tenham diferentes características e necessidades. A bicicleta é a essência disso tudo e ela continuará sendo o objeto principal em qualquer esporte em que o pedal esteja envolvido”, completa Avancini.

Prazer pelo rolê faz Enduro crescer

Por mais que as modalidades possam ter seu teor competitivo, a prática prazerosa continua tendo seu forte lugar entre os amantes da bicicleta. Dentre as várias opções disponíveis para o ‘rolê’, o enduro talvez seja a que tem atraído o maior número de praticantes pelas características especificas que possui.

Essa modalidade mistura o cross-country para se chegar ao ponto alto das montanhas onde, de lá, o downhill, entrará em ação, desafiando os ciclistas em descidas a toda velocidade. “O enduro exige menos tecnicamente se comparado ao downhill. A parte física costuma aparecer mais para enfrentar as subidas e o atleta tem um tempo mais confortável para superar os trechos”, comenta Henrique Avancini.

“O legal do enduro foi ter resgatado o mountain bike como um estilo de vida, indo além da cena competitiva. A maior preocupação é o prazer do passeio e o desenvolvimento do estilo de pilotagem durante as trilhas encaradas”, relata.

Especialista em downhill, o mineiro Bernardo Cruz, quatro vezes campeão da modalidade que tem as descidas como característica principal, também não abre mão do enduro na sua rotina. “É uma escola ligada diretamente ao mountain bike, mesmo com 90% dos trechos sendo de descidas. As subidas entre os pontos não costumam exigir muito”, afirma.

Ele segue o raciocínio de Avancini. “É algo que faz o foco estar mais no prazer em estar pedalando durante 40km ou 50km. Não e à toa que muitos estão migrando para o enduro. O desfrute costuma ser maior do que no MTB”, indica.

Quem representa bem o Brasil fora do país na modalidade é André Bretas, que participou de todas as etapas da elite no World Series. O 43º lugar do ciclista, natural de Governador Valadares, foi o melhor já conquistado por ele, que chegou a correr entre os 30 em vários momentos da segunda etapa do circuito deste ano.

Conheça melhor as diferenças entre as modalidades de ciclismo existentes

Mountain Bike – possui maior número de praticantes no Brasil. A bordo de uma bicicleta em boas condições, pode-se pedalar em trilhas, montanhas e terrenos pavimentados. Em competições, pode acontecer em formato de maratona (percurso mais longo) ou em cross-country (percurso curto, em que os competidores são várias voltas em pista de, aproximadamente, cinco quilômetros). Bicicleta é mais leve e confortável, sendo usada para alta performance e também para percorrer longas distâncias, apresentando limitações na hora das descidas.

 

Downhill – modalidade em que a descida é o principal desafio. Um terro ingrime é essencial para que o percurso exija velocidade e técnica a partir do alto do local desejado até a parte mais baixa. Trajeto possui poucas retas e muitas curvas, apresentando ao competidores várias possibilidades de saltos. Pode acontecer em terreno artificial ou natural. No Brasil, a Descidas das Escadarias de Santos é uma das provas mais famosas. Essa modalidade existe maior preocupação dos ciclistas em relação à sua proteção. Ciclistas descem separadamente e vence o que tiver o melhor tempo na volta. A bicicleta precisa ser específica para a modalidade, proporcionando ao atleta  ir mais rápido em trechos de pedra e nos saltos no meio da trilha.

 

Enduro – mistura de cross-country com downhill, exigindo preparo físico, técnica e resistência. Provas acontecem com subidas e descidas em diferentes tipos de terrenos. Pilotos largam separadamente, precisando chegar ao ponto final no tempo pré-determinado pela organização. Cada segundo de atraso vira uma punição, assim como chegar antes da hora programada. Bicicleta usada é um pouco menor do que a de downhill.

 

BMX – com uma bicicleta pequena, com freio somente na parte de trás, os competidores encaram um percurso plano e curto de cerca de 300m, cheio de curvas e ondulações. A velocidade precisa ser alta, uma vez que os trajetos são pequenos e o tempo da prova não passa dos 40s. Modalidade conhecida por muitas ultrapassagens.

 

Ciclismo de estrada – como o próprio nome diz, acontece em ruas ou rodovias. O maior exemplo é o tradicional Tour de France. Competições ou presença acontece durante muitos quilômetros. Pode ser usado por ciclistas de MTB para complementar seus treinamentos. Ciclistas largam em grupo para uma prova que possui distância média de 160 km para os homens e 80 km para as mulheres. O vencedor é aquele que cruzar primeiro a linha de chegada.

 

Ciclismo de pista – praticado em velódromo oval, exigindo velocidade e resistências dos competidores. No Brasil, é muito pouco praticado pelo baixo número de locais disponíveis. Pista possui curvas inclinadas revestida de madeira ou cimento. Pode ter disputas individuais ou por equipes

Trial – modalidade em que o equilíbrio é o maior desafio. Em cima da bike, ciclista ‘pula’ de um obstáculo para outro como caixotes, escadas, entre outros itens. Uma das metas é não colocar os pés no chão entre os locais. As bicicletas costuma ter quadros pequenos e reforçados, freios hidráulicos, protetor para a coroa e pneus mais vazios, principalmente o traseiro. Cada competidor se apresenta separadamente e é pontuado por sua performance. Quedas são punidas com perda de pontos.

 

Calendário de algumas das principais modalidades 

MTB – Copa Levorin – São João del-Rei – 10 e 11 de junho

BMX – Campeonato Brasileiro de BMX – Campo Bom (RS) – 29/6 a 2/7

Ciclismo de Estrada – Desafio Jose de Anchieta 100 km – Vitória (ES) – 11/6

Ciclismo de pista – Campeonato Brasileiro – cidade a definir – 24/6 a 2/7

Downhill – Brasileiro – Simão Pereira (MG) – julho

 

 

Fonte: O Tempo ||

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