Perímetros urbanos de municípios mineiros cortados por rodovias estaduais deverão receber ciclovias ou ciclofaixas. Lei aprovada recentemente pelo governo de Minas prevê a implantação dos espaços exclusivos e representa um alívio para quem se locomove por bicicletas.

A medida chega dias depois de um ciclista profissional ter sido atropelado por um carro na MGC-262, em Sabará, na Grande BH, em 3 de janeiro. Ele morreu quatro dias depois.

Dos 27,8 mil quilômetros da malha rodoviária estadual, 1,2 mil cortam perímetros urbanos. No entanto, não há previsão para o início das intervenções nesses trechos. A partir de agora, segundo o Departamento de Edificações e Estradas de Rodagem (DEER), estudos de viabilidade técnica de implantação das ciclovias serão incluídos nos editais de obras a serem lançados.

Porém, para que os projetos sejam efetivados, serão necessárias análises das condições topográficas da região, inclinação e desnível do terreno. As intervenções também levarão em conta a ocupação do solo, população local e existência de largas faixas na via. A verba para a implantação deverá vir do governo do Estado, prefeituras ou da iniciativa privada.

A nova lei prevê que será instalada ciclofaixa caso haja impossibilidade técnica para a pista separada da dos carros. Nesse caso, ela será dividida por pinturas ou tachões de sinalização viária, as chamadas “tartarugas”.

 

Outros fatores

Consultor em transporte e trânsito, Osias Batista Neto reforça a necessidade de se levar em conta a velocidade permitida na rodovia ao escolher pela ciclovia ou ciclofaixa. “A movimentação de pedestres é tão grande em alguns trechos urbanos que mais parecem uma avenida. Nesses casos, dá para usar ciclofaixa dividida com tachão”.

Já a separação apenas por pintura, na opinião do especialista, traz insegurança. Osias Batista observa que nem todos os motoristas respeitam a separação das pistas destinadas a quem anda de bicicleta.

Infraestrutura

A nova lei é celebrada por movimentos em defesa dos ciclistas. Carlos Edward, do BH em Ciclo, afirma que ciclovias nas estradas atrairão mais pessoas para esse meio de transporte. “Pesquisas mostram que existe gente disposta a pedalar. Mas o que define se vão pegar as bicicletas é a infraestrutura do local por onde irão passar. Muitos ciclistas têm medo de serem atropelados”, frisa.

Pesquisa da entidade mostrou que boa parte de quem pedala na capital mineira se queixa da falta de segurança no percurso e de infraestrutura para praticar a atividade.

O receio tem fundamento. Em 2017, cinco ciclistas foram atendidos por semana apenas no Hospital de Pronto-Socorro (HPS) João XXIII, em Belo Horizonte.

Apenas 0,9% dos 532 participantes do levantamento consideram ótima a atual estrutura. “Eles só se sentirão seguros quando houver redução de velocidade em alguns pontos e campanhas educativas para que os motoristas aprendam a respeitar os ciclistas”, diz Edward.

Melhorias

Segundo a BHTrans, o Plano de Mobilidade por Bicicleta é a aposta para melhorar a situação na cidade. Até 2020 estão previstas cem ações na área. Uma das propostas é ampliar a extensão das ciclovias dos atuais 83 quilômetros para 411 quilômetros. Assim, espera-se que 6% dos deslocamentos na cidade sejam feitos por bicicletas.

 

Fonte: Hoje em Dia ||

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