Na sexta-feira passada (21), o portal Últimas Notícias denunciou o caso do produtor rural Joaquim Emídio da Cruz, que, mesmo sem condições, precisou gastar mais de R$2 mil para que seis mata-burros fossem construídos nas estradas de acesso à comunidade de Aroeira, onde mora e trabalha.
Conforme apurado, a instalação dos mata-burros era uma promessa da vereadora Rosemeire Mendonça (Meirinha), que não informou ao produtor que para a instalação dos mata-burros, os moradores da comunidade teriam que arcar com a compra do cimento (96 sacos no total).
Em contato com funcionários da Secretaria de Obras, a informação obtida foi a de que são gastos na construção e assentamento de cada um desses acessos, cerca de 6 sacos de cimento. Portanto, válida esta informação, foram solicitados pela vereadora 60 sacos de cimento a mais que os necessários.
Sem condições de pagar à vista pelo material, a compra do cimento foi feita pelo interessado em uma casa de materiais de construção de Formiga, na conta da vereadora que ?se dispôs a ajudar? (conforme pode ser observado nas notas promissórias). Porém, sem avisar ao senhor Joaquim, Meirinha pagou todo o débito restante e só então entrou em contato com o produtor, na quinta-feira passada (20), para avisá-lo que a partir de então, ele tinha para com ela, uma dívida. O restante do material necessário (blocos, ferragem, brita, areia) e a mão de obra para a construção seriam providenciados pela Secretaria de Obras.
A dívida foi quitada na sexta-feira (21) e com as notas promissórias em mãos, seu Joaquim comentou que ao pagar a vereadora, pediu-lhe a instalação de mais um mata-burro. ?Dessa vez, ela disse que era para eu comprar o cimento e toda a ferragem, mas se for pra pagar por tudo, eu mesmo construo. Até porque todas as estradas de lá estão cascalhadas porque paguei pela brita e foram lá cascalhar [funcionários da Prefeitura]?, comentou seu Joaquim, confirmando que a prática de fazer os moradores pagarem por serviços de responsabilidade da Prefeitura não é nova.
Segundo apurou o jornal, os mata-burros instalados não estão dentro da propriedade de seu Joaquim e servem a toda a comunidade de Aroeira e aos visitantes, portanto, não é obrigação dos moradores cooperarem com a compra de parte dos materiais para a construção, sendo responsabilidade da administração municipal a manutenção das estradas de acesso em boas condições, nisto incluído a dos mata-burros necessários.
É importante ressaltar ainda, que a execução de obras no município não é atribuição de vereadores, ainda que façam parte do rol de promessas habitualmente feitas em campanhas por busca de votos. Cabe a administração municipal (Executivo) a gestão, destinação, aplicação de verbas, nisto incluído a execução dos serviços a ele atinentes. Cabe aos membros do Legislativo, legislarem e fiscalizarem tal gestão e exigirem a correta destinação do dinheiro público.
A equipe do jornal tentou manter contato durante toda a semana com a vereadora Rosimeire Mendonça que, chegou a ser abordada por um dos jornalistas durante a reunião da Câmara de segunda-feira (24), quando se negou a responder aos questionamentos, afirmando que daria entrevistas mais tarde. Porém, às 16h, Meirinha deixou a reunião sem dar explicações e sem responder sobre o caso que, apesar de haver sido noticiado pela imprensa e objeto de grande repercussão nas mídias alternativas (grupos de discussão), provavelmente em nome do conhecido ?corporativismo? sequer foi abordado ainda que minimamente pelos demais edis.
Dezenas de ligações também foram feitas para dois números de celulares da vereadora, que não as atendeu ligações e não estava presente em nenhum dos vários momentos em que o jornal tentou contato com ela por meio do telefone da Câmara.

Prefeitura também se nega a responder
Como a execução das obras de construção dos mata-burros é da alçada da Secretaria de Obras, cujo responsável deve estar ciente da compra do cimento por parte dos moradores, a Prefeitura também foi procurada na sexta-feira passada (21), por meio da Secretaria de Comunicação enviou a seguinte nota: ?A Prefeitura de Formiga vai apurar o assunto e irá se pronunciar posteriormente?.
Porém até quinta-feira (27), nenhuma informação detalhada sobre o caso havia sido enviada para o jornal, apesar da insistência da equipe de redação via e-mails e/ou ligações telefônicas, todas sem êxito.

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