Minas Gerais, a caixa d?água do país, sofreu menos com o blecaute que em outros estados. Na Região Metropolitana de BH, 20% das casas ficaram sem luz, cerca de 110 mil consumidores. Na capital, a luz voltou por volta das 23h. O diferencial em relação às regiões mais afetadas é que o estado é exportador de energia, ou seja, consome menos que o total produzido pela Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), Furnas Centrais Elétricas e produtores independentes, explica o consultor do setor e Diretor Superintendente da Enecel Energia Raimundo Batista. ?A vantagem está no restabelecimento do fornecimento de energia. As regiões mais próximas da geração de energia são as primeiras a serem atendidas. Como Minas é a caixa d?água do país e o pulmão do sistema elétrico, a recuperação é mais rápida aqui?, afirma. Ele destaca ainda que as Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) foram importantes na manutenção da energia em localidades do estado.

A Cemig informou que, com o distúrbio, em Minas foi acionado automaticamente o Esquema Regional de Alívio de Carga (Erac), que corta parte da energia do sistema atingido por questões de proteção e segurança da rede. ?Após a normalização da tensão e frequência, a Cemig percebeu que havia disponibilidade de geração no estado e, imediatamente, coordenou com o ONS (Operador Nacional do Sistema) o restabelecimento do fornecimento de energia em Minas?, diz a empresa em nota à imprensa.

Na Zona da Mata, 48 cidades ficaram às escuras no período entre 22h15 de terça-feira e 2h da madrugada de quarta-feira. A maioria das localidades afetadas pela interrupção no fornecimento de Itaipu, totalizando 46 municípios, recebe energia elétrica da empresa Energisa, antiga Companhia Força e Luz Cataguazes-Leopoldina. Já a principal cidade da região, Juiz de Fora, além de Barbacena e São João del Rei, nos Campos das Vertentes, não foram atingidas pela falha no sistema, porque usam uma malha diferente da abastecida por Itaipu. Na região, as principais cidades afetadas pela falta de luz foram Cataguases, Leopoldina, Ubá, Além Paraíba e Muriaé. Esta última, com 95,5 mil habitantes, é o maior entre municípios atingidos.

?Ficamos apreensivos, mas não tivemos maiores transtornos?, conta a enfermeira Juliana Camargo de Melo, que trabalha na Casa de Saúde. O hospital não conta com um gerador próprio para suprir o desabastecimento. De acordo com a enfermeira, não houve grandes problemas, porque, no momento do apagão, não havia nenhuma cirurgia sendo realizada. Além disso, o Centro de Terapia Intensivo (CTI) estava vazio. Com o auxilio de um lampião e das luzes de emergência, os profissionais conseguiram ministrar os medicamentos prescritos para às 22h.

Na avaliação de Flávio Neiva, presidente da Associação Brasileira das Empresas Geradoras de Energia (Abrage), o sistema de Minas e do país é confiável. ?Blecaute nos Estados Unidos é mais comum que aqui. O último, na costa leste do país, veio do Canadá e chegou ao México. Demorou dias para a situação ser normalizada?, ponderou. Segundo ele, os pontos fortes do setor elétrico brasileiro é a robustez e o sistema interligado, que permite transferências do Sudeste para o Sul do país, por exemplo, para que não falte energia em nenhuma energia no país. O ponto fraco é a composição da matriz.

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