Pesquisadores australianos estão testando uma nova técnica para estimular o crescimento natural de tecidos da mama para reconstruir os seios após cirurgias de mastectomia em pacientes de câncer. A técnica, já testada em porcos, consiste em implantar uma espécie de molde em forma de seio sob a pele do peito da mulher, sob o qual seriam injetadas células musculares da própria paciente para estimular a produção natural de gordura no local.
Os cientistas do Instituto de Microcirurgia Bernard O´Brien, de Melbourne, pretendem começar os testes em humanos no próximo ano, inicialmente com seis mulheres. Segundo eles, a nova técnica seria capaz de criar novos seios mais naturais do que com os métodos atuais de reconstrução, além de reduzir a quantidade de cicatrizes.
O estudo foi apresentado nesta semana em uma conferência sobre cirurgias plásticas em Sydney.
Gel de células
Segundo os cientistas, após a implantação do molde, a gordura cresceria naturalmente para formar um novo seio no formato determinado. O molde conteria um gel feito a partir de células musculares da própria paciente para estimular a produção de novos tecidos.
Para Anthony Hollander, especialista em engenharia de tecidos da Universidade de Bristol, na Grã-Bretanha, o principal atrativo da nova técnica é sua simplicidade e o fato de o crescimento do tecido ocorrer dentro do próprio corpo.
Segundo ele, o avanço tecnológico da nova técnica é a utilização do molde feito de material biológico para manter as células novas em seu lugar. No futuro, os cientistas australianos pretendem desenvolver o material do molde para que ele se torne biodegradável e não necessite de uma intervenção cirúrgica para retirá-lo após o crescimento do novo tecido.
Mas Hollander adverte que, para que a técnica tenha sucesso, os cientistas precisam garantir primeiro que as células cancerosas sejam totalmente removidas e que novas células cancerosas não cresçam no processo de reconstrução do seio.

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