O principal indicador da bolsa paulista, a B3, opera em queda nesta sexta-feira (12), com mercado ainda observando o processo de articulação política em relação à reforma da Previdência e com as atenções voltadas para a interferência do governo no aumento de preço de diesel pela Petrobras.

Às 11h13, o Ibovespa caía 0,23%, a 94.489 pontos. Veja mais cotações.

Perto do mesmo horário, as ações ordinárias da Petrobras tinham queda de 4,93%, e as preferenciais recuavam 4,21%, liderando as perdas do índice. Mais cedo, ambas chegaram a cair mais de 5%, após a companhia desistir na véspera do aumento do preço do diesel nas refinarias. O recuo na decisão da companhia ocorreu após uma determinação do presidente Jair Bolsonaro. Para justificar a manutenção do preço, a estatal afirmou que há margem para postergar o aumento do diesel por “alguns dias”.

Na outra ponta, Vale subia 1,68% e Bradesco avançava 0,77%, o que amenizava as perdas do Ibovespa. No dia anterior, o Ibovespa recuou pelo terceiro pregão seguido. O Ibovespa caiu 1,25%, 94.754 pontos.


Temor de ingerência na Petrobras

O recuo na decisão da Petrobras sobre o preço do diesel nas refinarias levantou incertezas quanto à independência da estatal no que tange a sua política de reajustes de combustíveis.

O movimento ocorre diante de uma recente insatisfação de caminhoneiros em razão dos valores do diesel e dos fretes. No ano passado, a categoria organizou uma greve histórica por causa da alta do combustível mais consumido no país, o que abalou a Petrobras, culminando com a renúncia do então presidente Pedro Parente.

Essa intervenção entra em conflito explícito com a política liberal do ministro da Economia, Paulo Guedes. Tanto que a Petrobras negou oficialmente a pressão do Planalto para a mudança de decisão de aumentar o preço do diesel, destaca o Blog do Camarotti.

Em comunicado, a companhia informou que “em consonância com sua estratégia para os reajustes dos preços do diesel divulgada em 25/3/2019, revisitou sua posição de hedge e avaliou ao longo do dia, com o fechamento do mercado, que há margem para espaçar mais alguns dias o reajuste no diesel”.

A política de preços da Petrobras buscando a paridade está em vigor desde 2016, tendo passado por ajustes desde então. O mais recente movimento, anunciado em março, prevê que a companhia pode segurar a cotação do combustível por períodos mais longos nas refinarias, com alterações acontecendo em intervalos não inferiores a 15 dias.

 A decisão da Petrobras foi recebida com críticas por lideranças ligadas ao setor de combustíveis. “É impressionante, o governo se diz tão forte, tão liberal, e fica refém dos caminhoneiros. Foi mais um retrocesso e muito ruim para o país, porque deixa de atrair investimento, muito ruim para a Petrobras, porque perde dinheiro, e muito ruim para o governo, porque perde credibilidade”, afirmou à Reuters o diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), Adriano Pires.

Na mesma linha, se manifestou o presidente da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom). “Existem soluções para atender aos pleitos dos caminhoneiros sem prejudicar os acionistas da Petrobras e preservando os projetos do Roberto Castello Branco para o desinvestimento nas refinarias… O governo está dando uma péssima sinalização para os investidores nacionais e internacionais”, disse à Reuters.

 

 

Fonte: G1||

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