Mais de 500 mil consumidores ficaram sem energia elétrica só este ano por causa de pipas e papagaios em todo o Estado. Só nos 17 primeiros dias deste mês, outros 153 mil moradores ficaram sem luz por causa de 488 interrupções de energia. Destes, mais de 60 mil são moradores da região metropolitana da capital. No ano passado, foram mais de 2,7 milhões de consumidores mineiros que tiveram problemas causados por pipas na fiação elétrica. Os números foram levantados pela Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig).

De acordo com a Companhia, o uso de cerol – uma mistura feita com cola e vidro para cortar a linha de outras pipas no ar – contribui bastante para estas interrupções de energia, já que acabam rompendo os cabos quando entram em contato com a rede elétrica. Além disso, muitos curtos circuitos são provocados pela tentativa de retirada de papagaios presos aos cabos.

Segundo o engenheiro de tecnologia e normalização, Demétrio Venício Aguiar, alguns adeptos da atividade já começaram a utilizar um cabo cortante ainda mais potente que as linhas com cerol. Se trata da linha chilena. ?Esse tipo de linha é muito mais cortante do que o cerol comum, e infelizmente é possível adquirir este material de origem estrangeira pelo mercado paralelo e até pela internet?, disse o engenheiro.
Outros riscos
Além dos problemas causados nas redes elétricas, as linhas cortantes representam um risco também para a vida de outras pessoas. No ano passado, um acidente fatal envolvendo linha de pipa foi registrado no Estado. Já em 2011, a Cemig registrou dois acidentes com vítimas de ferimentos causados por papagaios, e em 2010, foram dois registros, sendo que uma das vítimas acabou morrendo.

Ainda segundo o engenheiro, a maioria dos acidentes acontece quando o papagaio fica preso na rede elétrica e as crianças tentam retirá-lo utilizando materiais condutores, como pedaços de madeira ou barras metálicas. O contato com a rede elétrica pode ser fatal, além do risco de queda em função do impacto causado pelo choque elétrico. Nesses casos, as consequências mais comuns são traumatismos causados pelas quedas e queimaduras graves causadas por choques.

Além disso, muitas crianças amarram as pipas com arames e fios. ?São materiais altamente condutores de energia e acabam sendo energizados quando tocam os cabos de energia?, explica Demétrio. O engenheiro chama a atenção ainda para o uso do cerol que pode transformar uma simples linha de papagaio em um material condutor e provocar choque elétrico ao entrar em contato com a rede.

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