O delegado regional de Santa Maria, Marcelo Arigony, afirmou nesta terça-feira (29) que a Polícia Civil tem diversos indicativos de que a boate Kiss estava irregular e não podia estar funcionando. O incêndio na casa noturna durante festa universitária no domingo (27) matou 231 pessoas.
Nós temos diversos indicativos de que a casa não podia estar funcionando. Se a boate estivesse regular, não teria havido quase 240 mortes, afirmou o delegado em entrevista coletiva em frente ao Ministério Público da cidade, onde participou de uma reunião com integrantes do órgão para discutir o caso.
Segundo o delegado, a prova preliminar aponta fragilidade de 5 ou 6 circunstâncias relacionadas à casa noturna. Entre elas, ele cita a porta e a lotação. A prova aponta que havia irregularidades, mas isso ainda é preliminar e precisa ser corroborado pelos depoimentos das testemunhas e os laudos periciais.
Arigony diz que há a previsão de que mais de mil pessoas sejam ouvidas no inquérito. Haverá a responsabilização de quem ou o qual órgão que tiver que ser responsabilizado, afirmou, acrescentando que espera receber a documentação da prefeitura e do Corpo de Bombeiros sobre a situação do local ainda nesta terça.
Incêndio e prisões
O incêndio começou por volta das 2h30 de domingo (27), durante a apresentação da banda Gurizada Fandangueira, que utilizou sinalizadores para uma espécie de show pirotécnico.
Segundo relatos de testemunhas, faíscas de um equipamento conhecido como sputnik atingiram a espuma do isolamento acústico, no teto da boate, dando início ao fogo, que se espalhou pelo estabelecimento em poucos minutos.
Quatro foram presos nesta segunda-feira após a tragédia: o dono da boate, Elissandro Calegaro Spohr, o sócio, Mauro Hofffmann, e dois integrantes da banda Gurizada Fandangueira, que fazia um show pirotécnico que teria dado início ao incêndio, segundo informações do delegado Sandro Meinerz, responsável pelo caso.
Em depoimento, Spohr afirmou à Polícia Civil que sabia que o alvará de funcionamento estava vencido, mas que já havia pedido a renovação.
O advogado Mario Cipriani, que representa Mauro Hoffmann, afirmou que o cliente não participava da administração da Kiss.
Na manhã desta segunda, outros dois integrantes da banda falaram sobre a tragédia. Da minha parte, eu parei de tocar, disse o guitarrista Rodrigo Lemos Martins, de 32 anos.
Por meio dos seus advogados, a boate Kiss se pronunciou sobre a tragédia, classificando como uma fatalidade.
A presidente Dilma Rousseff visitou Santa Maria no domingo e decretou luto oficial de três dias.
O comandante do Corpo de Bombeiros da região central do Rio Grande do Sul, tenente-coronel Moisés da Silva Fuch, disse que o alvará de funcionamento da boate estava vencido desde agosto do ano passado.

Fonte: G1

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