Em junho de 2013, às vésperas da Copa do Mundo de 2014 no Brasil, o país foi sacudido por manifestações contra o aumento das passagens de ônibus, a qualidade dos serviços públicos e os investimentos para viabilizar a Copa, como em estádios de futebol, aeroportos, corredores de ônibus, portos, etc.

O povo indignou-se ao ver tantas decisões econômicas bilionárias para atender interesses do futebol, das construtoras, etc, mas sem contrapartidas para a população em geral.

O artigo “Relembre em 7 atos os protestos que pararam SP em junho de 2013”, de João Wainer, publicado na Folha de São Paulo, no dia 25.05.2014, traz a trajetória das manifestações de junho de 2013.

Nos dias 06 e 07.06.2013 ocorrem os primeiros protestos na cidade de São Paulo contra o aumento das passagens de ônibus (de R$ 3,00 para R$ 3,20). O Movimento Passe Livre (MPL) já havia feito manifestações e tinha conseguido reverter o aumento de passagens de ônibus nas cidades de Florianópolis e Salvador.

Em São Paulo, o governo, a imprensa e o povo somente perceberam as manifestações, no dia 11.06, após depredações de ônibus e agências bancárias. Os manifestantes compareceram de máscaras, em um movimento apartidário, com participantes de membros dos movimentos organizadores, como o MPL.

No dia 13.06 a polícia militar efetuou prisões, atirou gás lacrimogêneo e balas de borrachas em manifestantes, jornalistas e pedestres. A imagem de jornalistas feridos correu o mundo, provocou repúdio da opinião pública e todos denunciaram as agressões e cobraram punições.

No dia 17.06 milhares de manifestantes se concentraram no largo do Batata e marcharam. A passeata se dividiu em três blocos, um foi para o Palácio dos Bandeirantes, outro para a avenida Paulista e o terceiro para a avenida Luiz Carlos Berrini. Houve tentativa de invasão ao palácio do governo.

No Rio, manifestantes atearam fogo na porta da Assembleia Legislativa. Em Belo Horizonte, houve confronto com policiais.

A seleção brasileira venceu a Copa das Confederações, que ocorria paralelamente às manifestações, e, a partir daí, os manifestantes protestaram contra a Fifa, a Copa de 2014 e nasceu o grito de “não vai ter Copa“.

No dia 18.06, manifestantes atacaram a sede da Prefeitura de São Paulo e poucos guardas-civis tentaram impedir a multidão. Houve saque de lojas das ruas São Bento e Direita.

No dia 19.06, com a revogação do aumento das tarifas de ônibus, houve espaço para as mais diversas reivindicações, da extrema esquerda até a extrema direita, como melhoria do serviço público em geral.

Em 2021, a iminência da realização da Copa América no Brasil, após a recusa da Argentina e da Colômbia, gerou indignação, por o país sofrer os efeitos da pandemia (cerca de 500 mil mortes, desemprego, perda de renda, aumento da desigualdade, etc.), mas o perigo de contágio desencoraja grandes manifestações de repúdio.

Euler Antônio Vespúcio – advogado tributarista

COMPATILHAR: