Junto ao conteúdo das delações premiadas da Operação Lava Jato dos empresários Joesley e Wesley Batista, proprietários da JBS, o Supremo Tribunal Federal (STF) liberou a delação do uberabense, que é diretor de Relações Institucionais e Governo da empresa, Ricardo Saud. Entre muitos políticos que recebem dinheiro, Saud citou valores repassados a três deputados federais do Triângulo Mineiro: Marcos Montes (PSD), Aelton Freitas (PR) e Zé Silva (SD).

Segundo o diretor, as doações foram denominadas como “reservatório da boa vontade”. As delações foram homologadas pelo ministro Luiz Edson Fachin, relator da Lava Jato na suprema corte.

Procurados pelo MGTV, a assessoria de Marcos Montes, deputado por Uberaba, afirmou que jamais fez promessas ou acordos em troca de apoios e que as contribuições estão registradas na Justiça Eleitoral. Já o deputado por Iturama, Zé Silva, informou que a citação do nome dele na delação é caluniosa. A produção da TV Integração também entrou em contato com a assessoria de Aelton Freitas, mas até a publicação desta reportagem não havia retorno. Confira os posicionamentos na íntegra abaixo.

Declaração do deputado federal Marcos Montes

“Diante desta avalanche de delações, muitas delas estarrecedoras, mas algumas colocadas em dúvida, eu gostaria de reafirmar o que já disse em outras ocasiões: que tudo tem que ser apurado em um mínimo de tempo possível, para que a população receba as respostas e explicações sobre cada fato.

E reafirmo ainda, que minhas campanhas sempre receberam recursos de empresas, principalmente ligadas à agropecuária. Nunca escondi isso, mesmo porque até 2014 esta contribuição era permitida legalmente.

Jamais fiz promessas ou acordos em troca destes apoios, mesmo porque pertenço ao setor e sempre o defendi. E defendo por uma razão que é de conhecimento de todos: a agropecuária é o setor que segura as pontas da economia brasileira, promovendo emprego e renda mesmo nos períodos mais complicados.

As contribuições com minhas campanhas estão registradas na Justiça Eleitoral, a quem cabe verificar e tomar providências, caso alguma coisa errada seja encontrada. Por sinal, independentemente da citação do meu nome em delação premiada, tenho defendido que o Congresso Nacional priorize a aprovação da reforma política – o que considero imprescindível para a transparência dos critérios jurídicos eleitorais.

Já há algum tempo, a população brasileira tem recebido informações confusas, que misturam pessoas de bem com criminosos. É preciso diferenciar o que é erro eleitoral da prática de crimes, tipo propinas, por exemplo.

É preciso dar transparência, separar o joio do trigo, facilitar o entendimento por parte da população e evitar que se misturem ações eleitorais com ações criminais. Erros e/ou irregularidades eleitorais são de competência do Ministério Público Eleitoral e da Justiça Eleitoral – e isso precisa ficar claro. Esta diferença não está clara atualmente e faz com que pessoas de bem, que cometeram um erro eleitoral, sejam ‘misturadas’ com criminosos, com pessoas que recebem propina” .

Declaração do deputado federal Zé Silva

“A citação de meu nome na delação da JBS foi, no mínimo, caluniosa. Em sua fala o diretor da empresa afirma ter doado, em meu nome, R$ 200 mil reais, em espécie, a alguém que não sabe dizer quem. Destaco que nunca autorizei quem quer que seja a pedir ou receber doação em meu nome de forma não oficial.

Gostaria de lembrar que em 2014 as doações oficiais por empresas eram permitidas e todas as doações por mim recebidas constam em minha prestação de contas aprovada pelo Tribunal Eleitoral.

Declarei, oficialmente, a doação feita pela empresa JBS por meio do partido Solidariedade no valor de R$ 100.000,00 (cem mil reais). (É possível confirmar consultando o site do TSE) Compartilho diariamente com meus eleitores minhas ações e trabalhos. Jamais deixarei de informar sobre assuntos que envolvem meu nome, ainda que de maneira vaga e irresponsável.

Tenho 25 de anos de vida pública honrada em prol da agricultura familiar e relevantes resultados apresentados a centenas de municípios mineiros”.

Declaração do deputado federal Aelton Freitas

“Declaro que recebi durante a minha campanha de 2014 da Direção Nacional do meu Partido, o Partido da República (PR), oficialmente declarado na minha prestação de contas no site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o valor de R$ 500.000,00 mais R$ 200.000,00 totalizando R$ 700.000,00 da empresa JBS S/A. O vídeo o qual o delator Ricardo Saud cita meu nome e fala que foi entregue ao meu ex-funcionário, o valor de R$ 200.000,00 (duzentos mil reais) não condiz com a realidade.

Não foi autorizado por mim qualquer solicitação na forma mencionada pelo delator, da mesma forma que tais valores nunca chegarem até mim.

Continuo afirmando que minha vida política sempre foi pautada pela transparência e probidade em todos meus atos”.

 

Fonte: G1 ||

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