Há exatamente 11 anos e 21 dias, o jornal Nova Imprensa denunciou em suas páginas, no dia 25 de maio de 2001, que a ponte sobre o Rio Santana na BR-354, no trecho entre Formiga e Campo Belo, ameaçava cair. As estacas de eucalipto, com aproximadamente 30 cm de diâmetro e que suportam a sua estrutura, estavam descobertas por causa do rebaixamento do leito do rio, o que ocorre quando a areia depositada no fundo é retirada desordenadamente, sem o menor controle, a montante dela.
O então DNER, hoje denominado Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes), depois de longo período em que nossas denúncias se repetiram e, após a interdição da rodovia por sentença de um corajoso magistrado que atuava na Comarca de Formiga (atendendo também ao apelo do Ministério Público), acabou por emitir ordem para a restauração da ponte e por ofício recomendou ao município não mais permitir a retirada de areia a montante da tal ponte.
Passados todos esses anos, mais uma vez a história se repete. O jornal Nova Imprensa e o portal Últimas Notícias, como de costume, vêm novamente denunciar a retirada excessiva de areia do Rio Santana, causa principal do rebaixamento do rio, o que deixa as estruturas da ponte sem a proteção da água e torna as estacas de eucalipto que as sustentam frágeis e ineficientes. Também as estruturas de concreto, neles engastadas, já apresentam extensas rachaduras, que deixam suas ferragens à mostra e sensíveis a ação nefasta do tempo, por meio da oxidação.
A consequência disso é que com a base de sustentação deteriorada, a ponte corre, mais uma vez, o iminente risco de cair e de levar consigo quem tiver a infelicidade de passar pelo local, em tal momento. Aliás, esta constatação, foi feita pelos próprios engenheiros do então DNER há mais de década. Hoje, a olhos vistos, a situação, nos parece mais crítica, pois uma simples comparação entre as fotos atuais e as de então, nos levam a temer pelo pior.
Àquela época, medidas para coibir a retirada de areia do Rio Santana foram aplicadas pelo Conselho Municipal de Conservação e Defesa do Meio Ambiente (Codema) e pela Secretaria de Meio Ambiente de Formiga, mas infelizmente, o Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) e os órgãos estaduais a quem cabe fiscalizar e normatizar a atividade logo, logo permitiram a continuidade da extração mineral, no mesmo local. E, o mais estranho é que o Dnit, segundo documento acostado em processo de licenciamento de empresa ali licenciada, atualmente afirma que a atividade não trás prejuízos ou causa danos à estrutura da ponte, numa opinião totalmente oposta a de seus próprios técnicos de então e que, contraria, ao que parece, no mínimo, a regras simples e normas técnicas que devem servir de parâmetro para quem se arvora em assinar documentos oficiais de tamanha importância. Certamente não houve, a julgar pela data do mesmo, sequer o cuidado de se proceder uma vistoria técnica no local.
Há ainda que se lembrar mais uma vez que em 2001, depois de cinco meses passados da denúncia do jornal, o DNER reconheceu que a ponte realmente ameaçava cair e informou que suspenderia o tráfego pesado de veículo na estrada, até que a restauração da ponte ocorresse. Mas, infelizmente, também ali, a incúria prevaleceu e nada ou pouco se fez para se atender o interesse público. As fotos registradas à época pelos repórteres do jornal Nova Imprensa mostraram enormes e pesadas carretas trafegando por ali, normalmente, mesmo após a tal decisão.
Agora, decorrida pouco mais de uma década, a situação do Rio Santana naquele local é cada vez pior.
Já que o governo federal está há mais de ano, por meio de empreiteira, refazendo o recapeamento asfáltico do trecho que liga Formiga a Fernão Dias, perguntamos: Não seria esta, a hora de se providenciar com urgência o reforço da ponte? Afinal, sem ela, de pouco terão valido os bilhões empregados na pista de rolamento desta importante via e, mais ainda: quantas vidas poderão ser ceifadas se de fato o pior vier a ocorrer?

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