Poucos de nós, pagantes de impostos e cansados de sermos espoliados pelos milhões de cidadãos que dependem financeiramente dos cargos que ocupam na administração pública, em qualquer de seus níveis, estes acolhidos em repartições dos mais diversos escalões, certamente, não saberemos responder a este simples questionamento feito acima.

No caso, mais precisamente sobre os acréscimos que as tais bandeiras colocadas à revelia em nossas contas de cobrança do consumo de energia, vez por outra, ou melhor, quase sempre, nos assustam.

Em dezembro, no ano que se encerrou, fomos surpreendidos com o anúncio de que deveríamos pagar um pouco mais para subsidiarmos a incompetência da Aneel, do ONS, do Ministério de Minas e Energia e sabe-se lá de mais quantos órgãos federais e estaduais que, leviana e criminosamente, provocaram o que ocorreu lá no Amapá, deixando aquele Estado inteiro, por semanas, às escuras.

Aí, num gesto de grande inteligência, os autores da façanha, como de costume, se reuniram e concluíram que o tal prejuízo deveria ser arcado por toda a população brasileira!

O que aquele bando de burocratas, composto por um monte assalariados, recebendo religiosamente em dia e, praticamente enquadrados no mais alto nível salarial permitido pela nossa legislação – (teto nacional mais uma porrada de outros benefícios) –  não levou em consideração é que, a maioria da população brasileira, ao contrário deles, apesar de consumir energia em seus barracos, tem sobrevivido no desemprego, se valendo apenas da esmola que o governo federal resolveu distribuir em razão da pandemia e, se não for atendido pelos popularmente conhecidos “gatos”, tem que pagar religiosamente a conta que lhes é apresentada.

Importante frisar aqui, que os que dependem dos “gatos”, em especial nas vielas por onde o poder público delas já se abdicou em favor das milícias, estas, seguindo o exemplo dos governos, também impõe a tal bandeira para que o “gato” continue funcionando, o uso do botijão de gás seja permitido, assim como o sinal de internet e outros “benefícios” que aonde o estado não atua, o poder paralelo os fornece e comanda.

Mas, e este mês, assim como os muitos, mas muitos mesmo, que no passado, nós mineiros tivermos que arcar com os acréscimos das tais bandeiras, estas continuam vigorando. 

Você sabe por quê?  Não? Então entenda:

É verdade, pagamos a tarifa vermelha para que as nossas águas, em especial as que nos surrupiam de Furnas e de Peixoto, mantenham o transporte da soja, através da navegação, sem dúvida o modal mais econômico.  E assim ocorre, para que possamos (o Brasil) manter-se bem colocado diante da concorrência internacional no tocante ao custo do frete.

E o resultado disso tudo é que por aqui, em vasta região mineira, falta água para produção de energia e para outros usos múltiplos, segundo se constata. Mas ela, a água, em enorme volume, não falta para que mais adiante, ali no Tietê/Paraná, se possa abarrotar de carga as barcaças, aumentando os seus calados.  Se antes o tal pedral  (Avanhadava) não impedia o trânsito da safra de grãos, propiciando o uso múltiplo das águas nos Lagos de Furnas e de Peixoto, nesta última década…

E o que é pior: ano após ano, a ganância dos detentores da exploração da hidrovia triplica e o transporte de grãos, mesmo conhecendo a impossibilidade de se aumentar o calado, sem que se faça o derrocamento no leito do Tietê, é algo real.

Só relembrando: Iniciou-se a obra, com a construtora Queiroz Galvão, bem conhecida no mercado, que chegou a receber R$58 milhões e a ela não deu seguimento.  Depois de 19 meses paralisada, a hidrovia teria que voltar a funcionar “pois era fundamental para a economia Brasileira”. Esta foi a desculpa e resolveu-se então, da forma mais simples e lucrativa,  desviar as águas do Lago de Furnas, aumentando assim o volume d’água na região do pedral.  Quem descobriu isso merecia um prêmio!

Hoje, como ontem, nós pagamos, e caro!  O estado de Minas, comprovado está, paga indiretamente, e a alto preço, uma boa parte do frete da Hidrovia que beneficia São Paulo e a outros estados. Da mesma forma, o povo brasileiro também é obrigado a pagar a energia consumida, com os acréscimos da tal bandeira vermelha.  E note-se que, neste ano,  mesmo com tanta chuva, os níveis de nossos reservatórios chegaram próximo do volume morto, pois mês a mês eles sangraram para que a tal hidrovia enchesse de lucro os bolsos dos que nela investiram. E o que é pior, isto ocorre em cumprimento de um contrato firmado entre os investidores (concessionários?) e o estado de São Paulo, contando com o conluio de órgãos administrados pela União e que, segundo dizem, sem que o Estado de Minas sequer soubesse deste rolo.

O mínimo que podemos esperar é que nosso governador, ciente de tudo e sabedor da existência da emenda Constitucional de número 106, em vigor, agilize as providências cabíveis para que os limites mínimos das cotas 762 em Furnas e 663 em Peixoto sejam respeitados.

Para tanto, senhor governador Romeu Zema, sequer é necessário que a hidrovia seja paralisada.  Basta que as termelétricas funcionem por mais tempo para que nossos lagos cheguem à cota máxima. A partir disso, segundo os dados levantados nos últimos 50 anos, tudo funciona a contento, inclusive com a geração de energia em conjunto com a hidrovia, sem que se consuma volume próximo dos 50% da capacidade total de armazenamento de água.

E quanto ao derrocamento do pedral, outra medida importante, que isto se faça durante o dia, permitindo que as barcaças trafeguem naquele trecho, apenas no período noturno.  Certamente o competente Ministro da Infraestrutura sabe como fazê-lo.

Soluções técnicas, todos concordamos, existem! A política fica por conta de Vv.Exas.

Abaixo a bandeira vermelha e ergamos a branca, da paz, da volta ao emprego e renda em nossa região!

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