A mistura do etanol anidro na gasolina deve cair dos atuais 25% para pelo menos 20%, ou até 18%. A medida tem o objetivo de liberar mais etanol hidratado para o mercado para controlar os preços e evitar uma nova escalada nos próximos meses como aconteceu no início do ano. A redução da mistura será discutira hoje em Brasília em reunião com a presença dos produtores e de representantes dos ministérios da Fazenda, Agricultura e Minas e Energia. Já existem especulações de que o percentual da mistura será reduzido para 18%.
Vai haver uma queda. Quando e de quanto, ainda vamos discutir, diz o coordenador do Fórum Nacional Sucroenergético, Luiz Custódio Cotta Martins. O tempo de duração dessa redução também será discutido na reunião desta manhã. Ele explica que a safra deste ano será menor do que a do ano passado e, por isso, a oferta do combustível será menor do que a demanda. O descompasso entre a produção e o consumo deve se repetir no ano que vem, já que nos últimos anos não houve investimentos suficientes em renovação e expansão dos canaviais. Essa medida deve manter o preço do etanol estável e evitar saltos na entressafra, diz.
Neste ano, o preço do litro chegou a custar R$ 3 em abril, no auge da entressafra. O valor é 14% superior ao maior preço alcançado em 2010, quando o litro chegou a ser comercializado por R$ 2,63. Agora, em plena safra, o preço médio do etanol vendido em Minas Gerais é de R$ 2,069 de acordo com levantamento da Agência Nacional do Petróleo (ANP). O valor é 23% maior do que o praticado no mesmo período do ano passado, quando o litro já era comercializado, em média, por R$ 1,678.
Gasolina
Ao mesmo tempo que deve ajudar a controlar o preço do etanol, a redução na mistura deve encarecer a gasolina, alerta Custódio Martins. O governo não quer o aumento da gasolina, porque vai impactar na inflação, pondera.
Ele acredita que a solução pode ser uma redução na Contribuição sobre Intervenção no Domínio Econômico (Cide), que é embutida no preço e foi criada para funcionar como um colchão e evitar a flutuação dos preços. Mas, Martins lembra que o real impacto no bolso do consumidor dependerá da política de repasse de preços que será adotada por distribuidoras e postos.
Outro problema que afeta especificamente os mineiros é o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS), que é estadual, e tem alíquota de 22% em Minas Gerais. Em São Paulo, o percentual é de 12%, o que torna o combustível mais competitivo.

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