Prefeitos de 39 cidades banhadas pelo Lago de Furnas no Sul de Minas pedem explicações para o baixo nível do reservatório. A geração de energia caiu, mas apesar da chuva, a água não subiu na mesma proporção. Em uma carta, eles afirmam que a água de Furnas está sendo desviada para abastecer a Hidrovia Paraná-Tiête.

Em 2011, o lago atingiu a sua cota máxima, com 99,05% de volume útil em média. No mês seguinte, o vertedouro chegou a ser aberto para liberar o excesso de água. Desde então, isso nunca mais aconteceu.

No mesmo ano, a geração média de energia foi de 668 megawats por mês. Já em 2018, esse número caiu para 269 megawats por mês, queda de 59,7%. Mesmo assim, o reservatório não tem se recuperado e atualmente está com pouco mais de 42% da capacidade.

A situação afeta a maior parte dos municípios banhados pelo lago.A preocupação é que agora com a estiagem, a água possa secar e trazer mais prejuízos.

“Vai ter horas que você não vai conseguir fazer o transporte de uma carga dentro do município mesmo ou até para fora do município. Um ônibus grande que leve pacientes, por exemplo, que tiver que passar por uma balsa, por exemplo, que liga Guapé a São José da Barra não vai ter condições de passar, devido ao nível baixo da água”, afirma Antônio de Souza, secretário de Infraestrutura de Boa Esperança.

Por isso, prefeitos de 39 cidades da Associação de Municípios do Lago de Furnas (Alago) divulgaram uma carta em que pedem uma explicação sobre a queda no volume do lago e afirmam que a água tem sido desviada para abastecer a Hidrovia Paraná-Tiête.

“Nós fizemos as contas e, pelo que nos mostra aqui, não precisa mais que 19% do lago para produzir energia. E onde está indo o resto dessa água? Essa é a grande pergunta nossa: onde está indo o resto da água?”, questiona Hideraldo Henrique Silva, presidente da Alago.

A carta foi encaminhada ao Ministério de Minas e Energia e para agências federais.

O que dizem as agências envolvidas

A Agência Nacional de Águas (ANA) informou que a gestão de recursos hídricos deve sempre proporcionar os usos múltiplos da água, sendo que o uso prioritário é o consumo humano em situações de escassez.

No caso específico de furnas, a ANA não estabeleceu regras específicas de operação, uma vez que as autorizações relativas ao funcionamento do reservatório são anteriores à existência da agência.

Já Furnas disse que as usinas hidrelétricas brasileiras são componentes do sistema interligado nacional e que os níveis dos reservatórios e a energia despachada são programados pela ONB com o objetivo de garantir energia elétrica.

O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) não se posicionou.

 

 

Fonte: G1||

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