Os consumidores mineiros podem preparar o bolso. Reajustes de preços administrados ou monitorados pelo governo entre março e maio de 2010 já começaram a ser anunciados, como os dos remédios, que ficarão 5,9% mais caros em abril, conforme autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) na semana passada.
Vem mais aumento por aí. Luz, planos de saúde e telefone também terão seus preços elevados. A conta de água só não subiu porque a Justiça barrou o reajuste de 7% previsto para vigorar desde fevereiro. A Copasa não aceita a decisão e tenta derrubar a medida. Quer dizer que a qualquer momento a história pode mudar e o orçamento doméstico se apertar ainda mais, depois do baque já sofrido pela alta no gás de cozinha, que ficou até 10% mais caro no início do mês em Belo Horizonte.
Difícil não se preocupar com as contas a pagar, ainda mais em tempos de crise, com o fantasma do desemprego rondando os lares brasileiros. ?O aumento de preços neste semestre terá efeitos no bolso do consumidor. Para escapar, será necessário controlar os gastos. A lógica é cortar o que não é essencial?, sugere Wanderley Ramalho, diretor-adjunto da Fundação Ipead, vinculada à Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
A paisagista Maria Aparecida de Carvalho sabe o que é isso. Gasta cerca de R$ 350 ao mês com remédios. ?O reajuste de 5,9% não deixa de incomodar?, afirma, preocupada também com o aumento no plano de saúde da mãe, que será anunciado no fim de maio. ?O encarecimento do plano de saúde, das contas de energia e de água são os que mais pesam em meu orçamento. O plano da minha mãe é participativo. Se ela precisa de consultas e exames, necessariamente pagaremos mais caro?, afirma.
Consumidor doente
De acordo com a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), o reajuste dos planos de saúde individuais novos, contratados a partir de 1999, deverá ser anunciado em maio, mas ainda não há previsão do percentual a ser aplicado. Os planos anteriores serão corrigidos conforme a data em que o contrato foi assinado. Ainda no quesito saúde, a Anvisa informou que o índice de 5,9% a ser aplicado nos preços dos remédios passa a valer nas farmácias a partir de abril em cerca de 20 mil apresentações comercializadas no país. Apenas os preços de homeopáticos, fitoterápicos e cerca de outros 400 medicamentos com grande concorrência de mercado vão ficar liberados dos critérios de reajustes.
Já as tarifas de energia da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) ? para consumidores residenciais, comerciais e industriais ?, serão revistas em 8 de abril. O percentual não foi definido, mas o consenso entre especialistas é de que, diferentemente do ano passado, quando pela primeira vez na história houve redução na tarifa, este ano os preços vão subir. Pesa sobre essa avaliação a alta do dólar, que encarece a energia de Itaipu. Vale uma comparação: empresas que atuam no interior de São Paulo e que também recebem energia de Itaipu estão cobrando mais dos consumidores residenciais desde fevereiro (na CPFL Leste Paulista o reajuste foi de 7,27%; na CPFL Sul Paulista, de 8,88%; na Jaguari, de 8,67%; na Mococa, de 4,77%; e na Santa Cruz, de 14,62%).
Impasse
A alta da conta de água no Estado, de cerca de 7%, foi suspensa temporariamente por decisão judicial. O Ministério Público do Estado de Minas Gerais (MPE) obteve, por meio de ação civil coletiva, a tutela antecipada concedida pelo Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais (TJMG) determinando que a Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) congele os preços dos serviços de água e esgoto até que seja criada uma agência de regulamentação do setor no estado.
Se a água não subiu, o mesmo não vale para fazer interurbano. Semana passada, as tarifas de longa distância da Embratel, que envolvem pelo menos um acesso móvel, foram reajustadas em 2,89% pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).

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