Esta semana circulou na imprensa local e nas redes sociais, a notícia gerada a partir de nota oficial distribuída aos órgãos de imprensa, a informação de que o município teria concluído 92% dos trabalhos de manutenção das estradas rurais.
Um trecho da nota oficial da Prefeitura Municipal diz que: ?A Secretaria de Obras, em conjunto com a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, por meio do Departamento de Políticas Rurais, encerra este ano de 2014 já com 92% do Plano de Recuperação das Estradas Rurais do Município concluídos?.
Ao final, depois de discorrer sobre os 8 setores em que a administração dividiu as zonas rurais deste município, cita o que realizou no setor 9 e diz: ?No Setor 9 (Pontevila, Marmelada, Boa Esperança e Fivela), foi totalmente recuperada a estrada principal, além dos ?galhos? (estradas vicinais)?.
Na terça-feira (9) a redação do jornal recebeu uma denúncia de um morador da zona rural, mais precisamente da comunidade de Fivela, informando que a propaganda oficial não poderia ser levada a sério, ao menos naquela região que compreende a localidade onde ele vive, em especial próximo ao entroncamento com a MG-050, já que, segundo palavras textuais do reclamante, José Fernandes conhecido pela alcunha Canã, a vereadora Rosimeire Mendonça (Meirinha) teria recebido dele e de outros vizinhos, quantias em dinheiro destinadas ao pagamento da brita, que seria colocada no leito da rodovia. No entanto, os serviços de manutenção da estrada não foram realizados, o material pago pela comunidade não foi entregue e a cobrança (por parte da vereadora) não ocorreu para todo mundo.
?Da turma lá de baixo, próxima do grupo, ela não cobrou?, comentou Canã que disse ainda que o vizinho S.D.O, e outro de apelido Jacaré teriam participado de um ?grupinho? formado por cerca de 10 pessoas que pagaram cada um R$120 para a aquisição da brita. O morador explicou ainda que as viagens de brita, que chegaram na região enquanto as máquinas ali se encontravam, foram todas transportadas em caminhões de propriedade da Prefeitura. Assim sendo, não houve despesas com terceiros, de frete.
?Aqui perto da venda do Tonho, Meirinha ficou de mandar mais 4 caminhões de brita, mas não mandou e as máquinas foram retiradas com a desculpa de que havia dado defeito. Mentira. Elas foram para a Aroeira.?, completou o morador que garante que a via principal da comunidade está cheia de buracos. ?Não fizeram o serviço de retirada da enxurrada e nos ?galhos? eles (Prefeitura) não fizeram nada, apesar de haver cobrado e recebido o dinheiro da brita?.
Perguntado sobre a forma que teriam feito o pagamento, foi taxativo: ?Em dinheiro e tudo entregue para a própria vereadora?.
?No sábado passado (6) nós tivemos que fazer uma vaquinha e comprar um caminhão de brita para tapar um buracão que apareceu aqui perto da venda do Tonho, pois não passava nem moto e nem a condução das escolas. O pior é que a gente tenta falar com a Meirinha, pra cobrar o material já pago e o serviço prometido, mas não consegue de jeito nenhum?; disse Canã em conversa telefônica, devidamente gravada, arquivada e na qual o denunciante autorizou o uso de seu nome e das informações dadas.
O que informa a secretaria de Desenvolvimento Econômico e Parcerias
Ouvida a respeito, a secretária de Desenvolvimento Econômico e Parcerias, Joyce Melo Franco informou que desconhecia o fato, (da cobrança de brita) e disse ainda que pessoalmente percorreu quase todos os trechos da estradas vicinais da região e que ali, o serviço estava muito bem feito. Voltou a afirmar que a principal e os galhos foram atendidos e que os problemas agora relatados talvez pudessem ter ocorrido em função das chuvas.
?O plano de atendimento as estradas rurais foi muito bem feito, criterioso e para realizá-lo me baseei num projeto feito pelo governo anterior, muito bom e que não sei por qual motivo não foi levado a cabo?, explicou a secretária.
Joyce anotou os nomes citados pelo reclamante e prometeu, ainda na terça-feira (9) à tarde, procurar o encarregado das obras nas estradas para colher mais informações.
Ela revelou ainda, que em algumas regiões onde existem cascalheiras de propriedade dos beneficiados, celebrou parcerias, ainda que não formalizadas, para a obtenção do cascalho necessário para a execução dos serviços.
Até o encerramento desta edição na quinta-feira (11), a secretaria Joyce não havia retornado com a informações solicitadas e por ela prometidas.

Ouvindo um dos citados pelo denunciante:
Na tarde de quarta-feira (10), a vereadora Meirinha compareceu à redação, acompanhada de Geraldo da Cunha (Jacaré), também morador da comunidade de Fivela que informou dentre outras coisas que:
1 ? o valor recolhido de cada um dos que se dispôs a auxiliar a Prefeitura no pagamento das 38 viagens de brita (fundo de pedreira) gastas na execução dos serviços foi de exatos R$112,75 e não R$120, conforme dito por Canã;
2 ? Que foi ele quem recolheu os valores de cada um dos participantes e o entregou, não à vereadora conforme afirmado pelo denunciante, mas sim, no forno de cal onde foi adquirido o material;
3 ? Também informou que não sabia o nome do forno de cal que se situava na estrada de ligação a Córrego Fundo e que naquela oportunidade não exigiu recibo ou nota fiscal;
4 ? Confirmou que ainda existem sim buracos na estrada principal e que o trecho coberto pelos serviços, foi de aproximadamente 5 km. Reconheceu também que os serviços não contemplaram a todos os ?galhos?. Disse que foram atendidos apenas os que auxiliaram financeiramente para a aquisição do material (britas), que foi sim, transportado por veículos da Prefeitura. Que desta última vez, mês de agosto, as máquinas e veículos do município, no trecho por ele coordenado, lá estiveram por 2 ou 3 dias;
5 ? Que no trecho (galho) que atende da casa do denunciante – Canã foram colocados 3 caminhões de rejeitos;
6 ? Que os caminhões ao descarregar o material no trecho traziam a papeleta de controle da tonelagem transportada;
7 ? Que sempre liderou a comunidade na busca de soluções para os problemas de interesse de Fivela e que no atual governo, para tratar destes assuntos se reuniu com o prefeito por 5 vezes (3 no ano anterior e 2 no corrente ano);
8 ? Que pelos serviços realizados no ano anterior ninguém precisou ajudar financeiramente com nada;
9 ? Que o ?galho? que atende a sua residência foi arrumado sim, porque todo mundo ajudou com recursos e em função de ser trajeto de veículo escolar.
10 ? Que dos 38 caminhões de material gastos pagou apenas 29, uma vez que 9 deles foram doados pela vereadora.
11 ? Que esta prática (parceria) vem desde administrações anteriores.

O que disse Meirinha:

A vereadora Meirinha se limitou a ouvir as informações trazidas por Geraldo e ao final, uma vez questionada, respondeu que não recebeu dinheiro algum, diferentemente do relatado por Canã. ?Eu apenas acompanhei de perto as tratativas para o atendimento da comunidade e mantive sobre controle, à distância, o que ocorria, uma vez que confio plenamente no Geraldo, líder que sempre se dispõe a atuar em favor dos moradores daquela região, ajudando no que pude e fazendo com que o município os atendesse?.
Instada por nossa repórter a falar sobre outra denúncia publicada em edição anterior deste jornal e que versava sobre exigência de compra de material (cimento) para a execução e instalação de mata-burros por parte de produtores rurais, disse: ?Não, este assunto já morreu. Vim tratar disso aqui, o resto já passou?.

Relembrando: Capitanias Hereditárias
No mês de julho de 2013, em nossas edição de número 857, noticiamos que a atual administração havia dividido a zona rural do município em regiões (que denominamos de capitanias hereditárias), ?distribuindo? aos vereadores Zezinho Gaiola, Josino Bernardes, Piruca e Meirinha, as localidades que seriam atendidas pela Patrulha Mecanizada (recuperação e manutenção de estradas). Originalmente conforme consta da relação, FIVELA, seria apadrinhada pelo vereador Piruca.

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