Ser múltiplo é fazer uma coisa só de cada vez. Pelo menos esse é o conceito de monotask, um estilo comportamental que se inspira na comprovação científica de que nos tornamos mais lentos e improdutivos quando nos dedicamos a várias ocupações simultaneamente.
Isso acontece porque, ao contrário do que diz o senso comum, o cérebro não é multitarefa. Apesar de conseguirmos divagar sobre diversas coisas ao mesmo tempo, a mente está programada para processar somente uma informação por vez, afirma o pesquisador do Centro de Neurociências Integrativas e Cognitivas da Universidade de Vanderbiltt, no EUA, Edgar Morois.
O cientista explica que, quando insistimos em realizar várias atividades simultaneamente, o que o cérebro faz é trocar uma tarefa por outra. Daí o engano daqueles que acham que realmente conseguem estudar enquanto batem papo na web e mantêm a TV ligada.
Para nos concentrarmos – matéria-prima da produção intelectual -, é necessário empreender um esforço mental, difícil de ser alcançado quando dividimos a atenção em várias atividades e interesses. É o que afirma a especialista em neurologia experimental da Universidade Federal de São Paulo Carla Scorza, para quem somente o pensamento é multifocal. A concentração não é algo natural, por isso, é preciso haver disciplina, para que haja produtividade, diz.
Exemplo
Foi por ter dificuldade em levar a cabo todos os planos que traçava que a estilista e estudante de artes plásticas Bárbara Santiago, 22, resolveu procurar ajuda em uma escola de ioga. Eu precisava desenvolver minha concentração mental para conseguir fazer tudo o que queria, e que sempre ficava pela metade, conta.
Hoje, cada coisa tem seu horário na rotina da estudante, que começa diariamente às 5h. Dificilmente estudo para meu curso de história fora do período de aula. Eu realmente me concentro. Assim, divido bem o meu tempo para fazer cada uma das dezenas de coisas de que gosto: ioga, costurar, ler, sair com os amigos.
Preocupado também em organizar melhor sua vida produtiva na universidade, o italiano Francesco Cirillo criou na década de 80 o método Pomodoro, que ficaria mundialmente conhecido como símbolo da vida monotask.
Cansado de passar horas debruçado em livros, sem nada aprender, Cirillo resolveu experimentar uma nova tática. Passou a estudar em curtos períodos de alta concentração intercalados com momentos de relaxamento. Tudo cronometrado por um timer de cozinha, chamado Pomodoro na Itália. E deu certo.

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