Os professores do Instituto Federal de Minas Gerais (IFMG ? Campus Formiga), Carlos Bernardes (informática), Nilton Vieira e Chrisley Camargos (matemática) estiveram na quinta-feira (28) na redação do jornal Nova Imprensa e apresentaram os motivos que os educadores e funcionários entraram em greve na instituição de ensino.
De acordo com eles, os professores e estudantes estão em greve, porque estão conscientes de que é imprescindível lutar em defesa das instituições federais de ensino e as negociações com o governo não avançam. A paralização dos educadores se deu desde o dia 4 de junho e dos funcionários, desde o dia 11.
?Os docentes, técnicos e estudantes defendem sim uma expansão, desde que exista qualidade. Não adianta criar novas instituições sem oferecer condições satisfatórias para que elas funcionem. No entanto, o governo federal vira as costas para os argumentos e propostas dos servidores públicos?, ressalta a comissão de greve.
O educador Carlos Bernardes ressaltou que não falta recursos e sim vontade dos governantes. ?Existe uma negociação desde o ano passado. Em 2008 tivemos uma modificação em nosso Plano de Carreiras e não houve nenhum aumento. Em agosto os professores disseram que entrariam de greve e o governo se propôs a aumentar 4% nos salários. O prazo era até o dia 30 de março deste ano, assinaram o papel, mas não cumpriram o combinado. O projeto de lei foi enviado para o Senado e ficou até uns 30 dias atrás. O governo não quis conversar conosco?, explicou.
Segundo Carlos Bernardes os governantes vão para a televisão dizer que deram aumento para a classe, o que não é verdade. ?A impressão que fica é de que as pessoas não são valorizadas. Não é só o problema dos salários não, tem ainda a questão da infraestrutura. Eles pensam que é só abrir vagas. O dinheiro é muito mal aplicado. Investem muito em custeio e pouco em equipamentos. Infelizmente governo pensa em qualidade e não em quantidade?.
O educador explicou que o governo havia agendado uma reunião para o dia 19 deste mês e, em seguida, cancelou. ?Com isso passou de 50% dos profissionais em greve para 70 %. Atrasaram mais uma semana e já estamos com 95% em greve. Falam que a educação é prioridade, mas que não tem dinheiro para melhorar os salários dos professores. Isso é uma questão de política pública, oferecer uma qualidade de educação para todo mundo?, salientou.
Ainda de acordo com os professores, nos dias atuais ninguém quer fazer mais licenciatura. ?As pessoas não querem dar aula, não como antigamente. Foram abertas 40 vagas para licenciatura em matemática no IFMG e teve 41 inscritos?, disse Nilton Vieira.
Até o momento, não há uma data para a volta às aulas. ?A greve é forte e a turma não vai voltar não. O governo vai ter que se pronunciar. É preciso que o Estado crie uma data base para os servidores e os servidores públicos não têm isso. Eles falam que vão atender as nossas reivindicações. Outra questão é que temos dedicação exclusiva, ou seja, não podemos prestar outros serviços para complementar os nossos salários?, explicou Carlos Bernardes.
Em relação a reposição de aulas, o educador destacou que as aulas têm que ser ministradas aos sábados ou domingos e no mesmo horário em que elas ocorrem durante a semana. ?Ou seja, repor as aulas até a noite nos finais de semana para aqueles que estudam a noite, pois durante o dia estaremos repondo as aulas para as turmas matutinas e vespertinas?. Atualmente o IFMG em Formiga conta com 54 professores.

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