O projeto de lei 282/2010, que autoriza o poder Legislativo a abrir orçamento vigente, com crédito especial no valor de R$ 240 mil, para compra do terreno para a construção da nova sede da Câmara Municipal, deu entrada na Casa Legislativa durante a reunião de segunda-feira (25).
O valor foi economizado durante a gestão de Edmar Ferreira/PT como presidente da Câmara. A polêmica sobre a compra do terreno, à rua Arnaldo Barbosa, próximo ao Saae, voltou a ser discutida durante a reunião. O presidente do Legislativo fez uso da ?Tribuna do Povo? para esclarecer sobre o assunto ao vice-presidente Reginaldo Henrique dos Santos (Dr.Reginaldo/PCdoB), de que o terreno ainda não havia sido comprado.
Edmar Ferreira contou que Dr. Reginaldo queria ouvir a gravação da coletiva de imprensa que o presidente da Câmara concedeu na quarta-feira passada (20), para explicar que ainda não tinha comprado o terreno, diferentemente do que o vice-presidente do Legislativo havia dito na semana passada.
A coletiva de imprensa foi transcrita e apresentada por Edmar Ferreira no plenário, por um reto projetor. ?Quero aproveitar para fazer uma defesa minha. Foi dito que foi comprado um terreno e pago com R$ 240 mil e, na verdade, ainda não foi comprado esse terreno. Está em estudo para ser comprado e dei uma resposta durante a coletiva de que Reginaldo mentiu sobre essa compra. Já que Reginaldo disse que havia assinado um cheque no valor de R$ 240 mil para a compra do terreno e esse cheque tem que ser assinado juntamente pelo presidente e vice-presidente. Viu, Dr. Reginaldo, o senhor disse que assinou o cheque, mas, na realidade assinou foi o projeto para ver de onde iria retirar o dinheiro para fazer a compra do terreno que a Flávia [Gonçalves, secretária do Legislativo] levou lá para o senhor assinar. Olha, Dr. Reginaldo, não tenho nenhum inimigo aqui e nem quero ter, só disse que o que senhor havia dito aqui, não era verdade?, esclareceu Edmar Ferreira.
Réplica
O vereador Reginaldo Henrique dos Santos ressaltou que toda essa situação se configurou em informações desencontradas, em um ?disse me disse?. ?Os colegas que me conhecem sabem que eu não gosto de mentira e tenho raiva de quem mente. O que posso dizer dessa situação é que eu estava no meu consultório, numa sexta-feira trabalhando e a Flávia chegou lá, com uma documentação me pedindo para eu assinar. Primeiramente, vossa excelência tinha pedido para assinar um projeto, tirando aqueles R$ 4 mil do limite, que tínhamos colocado aqui no ano passado. Eu disse que não podíamos assinar, pois isso é uma resolução da mesa e o limite é pra todo mundo. Aí ela disse: mas ele quer que tira o limite, pois já gastou os R$ 4 mil?.
O vice-presidente contou que estava com a secretária Flávia Gonçalves também um projeto para comprar o terreno da Câmara. ?Até perguntei, já comprou? E ela disse que estava lá um documento para assinar[…]Liguei para o contabilista da Câmara [Luís Roberto Marcelino] e perguntei se podia assinar, se tinha esses R$ 240 mil para comprar o terreno. Ele me disse que mesmo com muito aperto tinham conseguido uma dotação orçamentária dentro do limite da Câmara. Perguntei se podia assinar e ele disse claro que tem orçamento pra isso, então, assinei essa documentação?, explicou Dr. Reginaldo.
E continuou se justificando: ?Em seguida, liguei para o senhor [Edmar Ferreira]e disse que tinha assinado a documentação e se tudo estava encaminhado, não podíamos perder os R$ 660 mil que estão empenhados. Então, tínhamos que ir lá em Passos para conversar com o pessoal da construtora lá, para ver a adaptação do dinheiro, uma vez que, comprado o terreno, já podemos verificar a possibilidade de construir a Câmara com os R$ 660 mil. Até passei o final de semana preocupado com esses R$ 240 mil, documentação, perguntei se podia assinar o cheque de R$ 240 mil, disseram que podia. Eu tinha ido lá no terreno e conversado com o Zé Corretor, ele me disse que era 4.700 metros, por R$ 380 mil e, de repente, chega o projeto lá para eu assinar de R$ 240 mil. Eu ainda fiquei preocupado e pensei, deve ter algum engano aí. Na reunião da semana passada, até comentei aqui sobre a compra, até o senhor[Edmar] me pediu para ressaltar que os R$ 240 mil foram economizados em sua gestão, então beleza, ressaltei isso. O pessoal do jornal me perguntou se estava tudo encaminhado e eu disse que sim. Momento nenhum eu tive dúvida que a conversa que teve foi essa?, explicou Dr. Reginaldo.
O vice-presidente ainda comentou: Até achei estranho, pois o pessoal do jornal me ligou e até disseram que tinha uma foto do terreno, com o senhor em frente ao local. Já comecei a achar a história estranha, pois, por que então não tinham passado nada para a imprensa? Quero dizer nisso tudo que as informações de minha parte foram essas, ocorreram dessa maneira. Tenho a convicção de que não menti em momento algum. O senhor poderia ter me contestado naquele momento que falei aqui, pois perguntei se já estava tudo encaminhado. Todo mundo sabe como que eu lido com a verdade, agora, como o senhor [Edmar Ferreira] lida com a verdade, eu não sei. Eu cheguei sempre onde eu cheguei pela verdade. Se houve alguma distorção, algum ciúme ou inveja, alguma situação armada contra mim, eu não sei, até fico preocupado. O que eu tenho a dizer é isso?, concluiu.
Tréplica
Edmar Ferreira perguntou a Dr. Reginaldo se ele havia assinado o cheque. ?Eu disse foi que, tranqüilo, eu poderia assinar o cheque. Eu liguei para o Luís e perguntei se estava certo, se tinham conseguido arrumar o orçamento, se dava pra assinar o cheque, ele disse que sim. Se alguém entendeu outra coisa, não tem como eu explicar?, disse Dr. Reginaldo.
O presidente do Legislativo perguntou novamente ao vereador: ?Vou perguntar novamente, pois não estava gravando. Se o senhor [Dr. Reginaldo] puder me responder novamente, pois agora está gravando. O senhor disse na reportagem ?Eu estava tranquilo, então eu assinei o cheque?. O senhor falou que assinou o cheque?.
Reginaldo respondeu: ?Então, talvez saiu alguma confusão. Volto a repetir anteriormente. Eu liguei para o Luís, quando fui assinar o projeto em relação a compra do terreno, e perguntei se tava tudo certo. Ele disse que sim, que conseguiram arrumar o orçamento. Perguntei, pode assinar um cheque tranquilo nesse valor? Ele disse tranquilo, eu disse, então ?tá? bom?.
Em seguida, Edmar Ferreira esclareceu. ?Então gente, o cheque não foi assinado, não comprei o terreno, se eu comprar um terreno para fazer a sede da Câmara, eu não vou dar a notícia não? Vou deixar o Dr. Reginaldo falar por mim? Eu não pedi a ele hora nenhuma a falar por mim?, concluiu.
Ao final das explicações, foi lida uma proposta de intenção de compra do terreno para a construção da sede da Câmara, que poderá ser feita pelo próximo presidente do Legislativo. O terreno conta com 33 metros de frente e fundos e cerca de 75 metros nas laterais. O valor do terreno está em negociação e está avaliado entre R$210 mil a R$240 mil.

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