O promotor Francisco Cembranelli entregou denúncia à Justiça de São Paulo, nesta terça-feira (6), contra o casal Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá, pai e madrasta da garota Isabella.
A menina, de 5 anos, foi morta no dia 29 de março após cair do apartamento onde vivia seu pai, no 6º andar de um prédio na Zona Norte da capital paulista.
A Justiça agora vai analisar o caso e decidir se decreta a prisão do casal. Um dos advogados do casal, Ricardo Martins, afirmou, na segunda-feira (5), que a defesa só entrará com pedido de habeas corpus após o juiz se pronunciar sobre a denúncia.
Inquérito
A polícia de São Paulo se baseou em laudos da perícia, nos depoimentos de testemunhas e em deduções para escrever o relatório final do inquérito sobre a morte de Isabella Nardoni. O relatório final da polícia é assinado pela delegada Renata Helena da Silva Pontes, que comandou as investigações. O documento tem 43 páginas e faz parte do inquérito que foi entregue à Justiça na quarta feira.
A delegada é categórica ao dizer que Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá mantiveram a mentira de forma dissimulada, desprezando o bom senso de todos, para permanecer impunes. O relatório mostra a versão da polícia para o crime e, segundo a delegada, levou em conta laudo do Instituto de Criminalística, lesões observadas na vítima e depoimentos de testemunhas.
Conclusões
A primeira conclusão é que as agressões começaram no carro da família: segundo o relatório, Anna Carolina Jatobá feriu Isabella na testa, com um instrumento não identificado. A madrasta segurava esse instrumento com a mão esquerda, virou-se para trás e alcançou o rosto da menina.
A delegada diz que houve sangramento, gotejando sangue no assoalho, atrás do banco do motorista, na lateral esquerda do carrinho do bebê e um esfregaço, uma espécie de borrão, de sangue na parte posterior do banco do motorista.
Depois da chegada à garagem do Edifício London, segundo a delegada, todos subiram juntos ao apartamento. Isabella estava no colo do pai. Alexandre a jogou no chão, diz o relatório, perto do sofá. Nesse local, observou-se maior concentração de sangue, não visível a olho nu, mas identificado graças a reagentes químicos.
Em outro trecho, a delegada diz que Isabella sofreu duas fraturas devido a um forte impacto, como ter sido atirada no chão. O sangue foi limpo e, ao que tudo indica segundo a delegada, com uma fralda de criança. Na noite do crime, a polícia encontrou uma fralda dentro de um balde. Segundo laudo do Instituto de Criminalística, reagentes químicos identificaram a presença de sangue na fralda.
Para a delegada, o pescoço de Isabella foi apertado por tempo considerável e de maneira forte, a ponto de a menina sofrer asfixia. O relatório menciona o fato de duas pessoas terem ouvido gritos de criança chamando o pai, pouco antes da queda da garota. A delegada afirma que a voz era do irmão dela, de 3 anos, que queria que o pai intercedesse, no momento em que a menina estava sendo asfixiada. Para a delegada, foi Anna Carolina Jatobá quem apertou fortemente o pescoço da vítima.
Renata Pontes afirma no relatório que há provas de ter sido Alexandre Nardoni quem jogou Isabella pela janela. As principais são as marcas da rede na camiseta de Alexandre e as marcas do chinelo que ele usava que ficaram num lençol.
Para a polícia, não há dúvidas do descontrole emocional do casal. Em vários depoimentos, há relatos de brigas, principalmente por causa do ciúme que a madrasta tinha de Alexandre e de Isabella.
Pedido de prisão preventiva
No final do relatório, a delegada pede a prisão preventiva de Anna Carolina Jatobá e de Alexandre Nardoni. Segundo a investigação, não haveria tempo suficiente para uma terceira pessoa ter cometido o crime. Além disso, as amostras de sangue encaminhadas para exame de DNA apontaram predominância de sangue de membros da família, não havendo vestígios de sangue de uma terceira pessoa. O relatório não esclarece se mais alguém, além de Isabella, se feriu no dia do crime.
No relatório, a delegada justifica o pedido de prisão: garantir a ordem pública, impedir a fuga dos indiciados e assegurar a aplicação da lei. Ela diz ainda que o crime é hediondo e classifica o ato como covarde, demonstrando a maldade e o desprezo à vida humana.

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