documento que pôs em xeque a aura de corporação unida e compacta da Polícia Federal na guerra ao crime organizado revela os bastidores da operação Satiagraha – missão que levou para a cadeia o sócio-fundador do Grupo Opportunity, Daniel Dantas, e desmontou suposto esquema de desvio de recursos públicos, evasão de divisas, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha.
São 16 páginas subscritas por Protógenes Queiroz, o delegado que comandou a maior ação da PF no ano até ser alijado do inquérito. No documento que confiou à Procuradoria da República, e no qual sustenta ter havido obstrução às investigações e boicote à Satiagraha, Protógenes denuncia que foi forçado a revelar informações sensíveis do caso – e que resistiu por serem elas estrategicamente protegidas pelo sigilo.
Protógenes afirma ainda ter sido insultado por colegas instalados em postos elevados na hierarquia. Punido com o rótulo da insubordinação, ele voltou a Brasília com a justificativa oficial de fazer um curso de especialização. O relatório reconstitui os instantes derradeiros da operação, marcados por um duelo interno. O momento crucial, relata Protógenes, se deu quando a operação preparava o bote a suas presas mais evidentes, entre elas Dantas e o investidor Naji Nahas, a quem a PF atribui o mando de organizações que se teriam associado para fraudes financeiras
Era a madrugada de 8 de julho, terça-feira. Agentes e delegados se concentravam na sede da Superintendência Regional da PF, no bairro da Lapa. Às 4 horas começou a distribuição dos kits diligências – cópias dos mandados judiciais que autorizavam o efetivo a fazer buscas e prisões em escritórios e residências dos alvos da Satiagraha. As dificuldades ocorreram antes, durante e depois da operação, acusa Protógenes.

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