A maior diferença entre as notas das escolas públicas e privadas no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2010 é em matemática. Levantamento feito pelo G1 com os números divulgados nesta segunda-feira (12) pelo Ministério da Educação mostra que enquanto os colégios da rede particular tiveram média de 600,21 pontos nesta disciplina, os públicos alcançaram 509,67. As médias foram obtidas somando-se as notas das escolas e dividindo o resultado pelo número de instituições envolvidas.
A diferença de 90,54 pontos na nota média das escolas particulares em relação às escolas publicas é a maior entre todas as quatro provas realizadas no exame – além de matemática, os estudantes fizeram provas de ciências da natureza, ciências humanas e linguagens e códigos (português), e mais uma redação. A média das escolas particulares em matemática foi 17,7% maior que das escolas públicas.
A segunda maior diferença aparece em ciências humanas, seguida por português, ciências da natureza e redação (veja quadro abaixo). Em todas, as particulares tiveram melhor desempenho. Os dados são referentes às escolas com mais de 75% de participação no Enem, ou seja, o equivalente a 4.640 unidades. As diferenças, no entanto, também aparecem nos demais grupos com menos participação na avaliação.
O Colégio Vértice, escola privada de São Paulo, obteve a maior média em matemática, com 811,76 pontos. A maior nota em matemática de uma escola pública é da Coluni – Colégio de Aplicação da Universidade Federal de Viçosa (MG), com 784,63, a sexta maior média no geral entre as escolas com mais de 75% de participação dos alunos.
Das cem escolas melhores avaliadas no ranking geral do exame, apenas 13 são públicas. A maioria está ligada à uma universidade, o que eleva a qualidade de ensino e as difere da rede regular estadual.
Pedagoga e professora da Universidade Estadual Paulista (Unesp) Maria Peregrina de Fátima Rotta Furlanetti diz que os resultados refletem as diferenças de realidades entre as escolas públicas e privadas. A escola particular prepara para o vestibular, oferece laboratórios onde os alunos conseguem vivenciar a matemática e aperfeiçoar o raciocínio lógico.
Fátima afirma que para disparidade entre as redes diminuir é preciso que, entre outras mudanças, o número de estudantes por sala seja reduzido e os docentes tenham melhores condições de trabalho. O professor não consegue identificar a defasagem em uma sala de aula, não tem um diagnóstico [do aprendizado]. Como fazer isso em uma sala com mais de 45 alunos? O sistema o aniquila.

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