A candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao Palácio do Planalto será determinante para os rumos da aliança entre o PT e o PMDB em Minas. A continuidade da dobradinha será tema de almoço desta sexta-feira (10) entre o governador Fernando Pimentel (PT), que deve se candidatar à reeleição, e a bancada federal peemedebista. Os deputados chegaram a escrever uma carta ao presidente nacional do PMDB pedindo “autonomia” para se aliar ao PT em Minas. A ala peemedebista que defende a continuidade da aliança é capitaneada pelo presidente da Assembleia, Adalclever Lopes, e pelo vice-presidente da Câmara Federal, Fábio Ramalho, que endossam a carta.

De acordo com lideranças partidárias ouvidas pela reportagem, será “eleitoralmente inviável”, caso Lula consiga se candidatar, o PMDB ficar fora da chapa petista, como deve ocorrer no plano nacional. Por conta disso, a maior parte dos deputados estaduais e federais do PMDB tem pressionado o partido para que a aliança com o PT continue em 2018 no Estado.

O encontro desta sexta também servirá para pressionar e mostrar força diante do grupo do vice-governador Antônio Andrade (PMDB) – que defende uma candidatura própria do PMDB e está rompido com Pimentel. A ideia da ala aliada ao governador é chegar à convenção estadual do partido, em março, com maioria para aprovar a dobradinha com o PT.

O racha no PMDB mineiro tem se agravado nos últimos meses. Apesar da pressão de Antônio Andrade pela ruptura, deputados estaduais e federais temem que o fim da aliança com o PT prejudique os resultados nas urnas no ano que vem.

“O PT tem uma capilaridade muito grande no interior, é um partido com a cabeça e a cauda longas. Lula está estimulando que ex-prefeitos do interior se lancem como candidatos, e isso vai gerar uma chapa muito forte. Se o PMDB ficar de fora, será um risco enorme”, argumenta um interlocutor peemedebista. “Temos 14 deputados estaduais. Sem o PT, conseguiremos reeleger apenas metade disso”, conclui.

“Se Lula for candidato, realmente vai ser inevitável que o PMDB se junte ao PT. As pesquisas mostram isso. Mas, se Lula não conseguir se candidatar, a coisa muda totalmente. Haddad ou Jacques Wagner não possuem a mesma expressividade, então, talvez, não valeria a pena (se coligar ao PT)”, garante um deputado federal que pediu para não ser identificado.

“Mas nada que for definido neste almoço pode ser levado em consideração. Só vai servir para demonstrar força em jornal, o que não muda em nada os votos dos delegados regionais do partido, que são quem decide na convenção”, diz, ainda, o parlamentar em anonimato.

Para Fabinho Ramalho, cotado para ser vice de Pimentel, a aliança já está certa: “Vamos fechar com o PT, não tem outro jeito. Não queremos um suicídio eleitoral”. A proximidade dele com a executiva nacional do PMDB e com o presidente Michel Temer é ponto crucial para o endosso da chapa, na avaliação da cúpula petista.

Do outro lado, a aposta de Antônio Andrade é aguardar pelo menos até março e, assim, avaliar o cenário eleitoral. A assessoria do vice-governador, contudo, nega que ele faça esse planejamento.

 

Dianteira

Números. Pesquisa Ibope do fim de outubro mostra Lula em primeiro lugar em todos os cenários. Na pesquisa estimulada, em que os nomes são apresentados aos eleitores, o petista teria 35%.

 

Toninho pode mudar de partido

Caso seja derrotado na queda de braço com o grupo aliado ao governador Fernando Pimentel (PT), o vice-governador de Minas, Antônio Andrade (PMDB), poderá migrar para outro partido e levar também o deputado federal Rodrigo Pacheco (PMDB-MG), nome favorito de Andrade para disputar o governo de Minas.

“Já há conversas com o PPS e outras legendas para abrigar o Pacheco. É uma ideia que agrada às outras legendas, até porque ele representa uma coisa que o eleitorado busca, que é a renovação, um nome novo”, diz um interlocutor.

Pacheco, inclusive, tem se distanciado de lideranças do PMDB mineiro. “Ele foi convidado para o almoço com o Pimentel, mas não sei dizer se vai. Ele nunca vai a nada, nunca vai a reuniões”, diz o vice-presidente da Câmara e coordenador da bancada mineira na Casa, Fabinho Ramalho. “Está distante demais”, conclui.

Deputado federal em primeiro mandato, Rodrigo Pacheco é presidente da Comissão de Constituição e Justiça, uma das mais importantes da Câmara, e tem tido atuação elogiada em Brasília. Em 2016, surpreendeu ao conquistar o terceiro lugar na disputa pela Prefeitura de Belo Horizonte.

 

Grupos buscam apoio da cúpula

As duas alas do PMDB mineiro tentam conseguir apoio da executiva nacional do partido para seus planos eleitorais. Na última terça-feira (7), o vice-governador de Minas, Antônio Andrade, se reuniu com o presidente nacional do PMDB, Romero Jucá (RR), na tentativa de convencer o senador da necessidade de ter nome próprio em Minas. Jucá teria dito que isso era “o mais lógico”, “Já que o PMDB não vai subir no palanque do PT para o governo federal em 2018”. Petistas e peemedebistas ligados a Adalclever Lopes, no entanto, negam que Jucá tenha se posicionado dessa maneira.

O vice-presidente da Câmara Federal, Fabinho Ramalho (PMDB), afirma que o posicionamento da executiva é fortalecer as chapas. “A nacional quer o que for melhor para o partido, ou seja, quer a situação que possibilite o maior número de deputados eleitos. Quer que a bancada seja grande”, afirma.

“Na verdade, o (Romero) Jucá já confirmou que cada Estado vai decidir suas próprias alianças e candidaturas. Tanto que já há alianças entre o PMDB e o PT em diversos Estados. Aqui também será assim”, concluiu o coordenador da bancada mineira na Câmara.

 

Fonte: O Tempo ||

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