A trajetória de industrialização brasileira é longa, mas vivemos há décadas a desindustrialização.

De 1930 a 1960 adotamos a industrialização por substituição de importações, viramos uma economia industrial, com mercado interno cativo e barreiras alfandegárias ou cambiais. O coeficiente de importação diminuiu de 28% do PIB em 1930 para 6% em 1966. Esse modelo esgotou na década de 1960.

De 1969 a 1974 ocorreu o “milagre brasileiro”, exportador de bens manufaturados (saltou de 6% do total de exportações, em 1965, para 62% em 1990), com crescimento à taxa média de 10%.

A partir de 1989 tivemos abertura comercial, com redução de alíquotas e política econômica liberal. Após o Plano Real, a situação da indústria agravou com a valorização do câmbio, com o fechamento de empresas e, atualmente, 70% de nossas exportações é composta por commodities (minério e agronegócio).

Durante essa pandemia do coronavírus, chegamos ao ponto de não conseguir produzir itens básicos para o combate à doença, como respiradores, máscaras, luvas, etc.

O mundo buscou produzir ao menor custo. A China aproveitou a oportunidade e fortaleceu o seu complexo produtivo, gerou empregos e os demais países perderam autonomia, inclusive o Brasil, tão dependente de investimento estrangeiro (muitas vezes, de empresas e países que acumularam divisas às custas de exportações de seus produtos para nós), teve o seu parque industrial desmantelado, gerou empregos e tributos em outros países.

Após a pandemia do coronavírus, a globalização retrocederá e as empresas nacionais serão pressionadas a reinstalar indústrias em seu país de origem. Nesse sentido, os Estados Unidos discursam para as empresas retornarem as suas fábricas, sob pena de serem tributadas pela produção fora dos EUA.

O Brasil deve deixar de ser a alegria dos especuladores (aplicadores aproveitando a diferença de juros internos e externos), dos rentistas produtivos (donos de indústrias para fornecer produtos para o mercado interno) e dos importadores.

Deve tomar o seu próprio rumo, de fortalecimento da indústria nacional, geradora de empregos, tributos, acumuladora de divisas e capital.

As medidas protecionistas do produto doméstico são muitas, desde a inibição de importações, incentivo exportações, priorização de compras governamentais, aumento do conteúdo nacional dos produtos, criação de parques tecnológicos.

Alguns podem alegar serem essas medidas ultrapassadas e o país precisa estar inserido no mercado internacional. Esse discurso é oportunista, feito por grupos ligados a interesses internacionais, seja de grandes produtores ou especuladores.

Com essas medidas, no médio prazo, o Brasil voltará a ter um parque industrial diversificado, com autonomia de produção da maioria dos produtos para o consumo interno e, no longo prazo, reconquistará mercados no exterior, com a geração interna de empregos, tributos e acumulação de divisas e capital.

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