Por Lorene Pedrosa

A famosa canção do poeta Tom Jobim diz que as águas de março fecham o verão com promessa de vida…, mas por aqui, as últimas chuvas do primeiro semestre do ano são promessa de muita preocupação!
E não faltam motivos! Em 2017, de agosto a outubro, Formiga voltou a viver uma crise no abastecimento, o que provocou novo racionamento. A cidade já havia passado por esse grave problema em 2014. E no ano passado não faltaram casos de pessoas que, durante semanas, ficaram sem ter uma gota d’água na caixa. Isso sem falar nas dificuldades para se conseguir abastecimento por meio dos poucos caminhões pipa que o Saae disponibilizava.

Mas tudo bem. O ano de 2017 acabou e com organização e planejamento, há plenas condições de se evitar que o caos se repita. Porém, atendendo ao pedido de vários leitores, o Últimas Notícias pediu junto ao Departamento de Comunicação da Prefeitura, no dia 8 DE FEVEREIRO, informações a respeito do planejamento do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae) em 2018, com vistas a se evitar novos problemas de abastecimento.

Mais de 20 dias se passaram e, apesar da insistente cobrança, nenhuma resposta foi dada. O portal foi apenas comunicado de que o pedido de informação já havia sido repassado à direção da autarquia.
Diante disso, surgem duas questões: ou simplesmente não existe ou não foi concluído o planejamento, ou a direção do Saae ainda não compreendeu que, por se tratar de uma autarquia, precisa agir com mais transparência com relação ao fornecimento de informações que afetem diretamente a vida dos seus clientes.

Índices de pluviométricos
“Choveu muito mais no início de 2018 do que no ano passado”, essa é a sensação e a fala de boa parte dos formiguenses. Mas, na quarta-feira (28), último dia do mês de fevereiro, o portal buscou informações junto à Defesa Civil de Formiga para verificar se essa “sensação” de mais chuva se confirmava.
E de acordo com os dados, no mês de janeiro deste ano choveu quase 25% a mais que em 2017, mas no mês de fevereiro de 2018, o cenário mudou e choveu cerca de 15% a menos que no ano passado.

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* Dados da Defesa Civil de Formiga

De acordo com a Defesa Civil, os números estão dentro da média histórica, no entanto, não houve nenhuma mudança drástica que se leve a pensar que o problema está superado. Nem que basta esperar pela construção da prometida barragem ou a perfuração de poços, para que o problema esteja solucionado em definitivo.

Ocorre que, nada de novo foi divulgado sobre a barragem desde o início de janeiro quando em entrevista ao Últimas Notícias, o diretor do Saae, Flávio Passos, informou que o projeto já estava em andamento e que todo o estudo para a construção da barragem estaria concluído em fevereiro.

Também de acordo com apurações feitas pelo portal em janeiro, o Saae pretende perfurar um total de 11 poços artesianos na cidade, mas até esta data não divulgou todos os locais nem a previsão para o início das obras nas áreas urbana ou rural da cidade.

Além disso, a partir de informações da própria autarquia, de que se perdem 30% do volume captado na adução, um bom planejamento do Saae, certamente privilegiaria ações que permitissem estancar tais vazamentos na rede, por onde se perde quantidade considerável de água a ser tratada.

Diante da negativa de informação a respeito de um tema tão importante, prevalece a insegurança quanto à possibilidade de uma nova crise hídrica, mas persiste a esperança de que algo seja feito, e logo, para se evitar novos períodos de racionamento e até de total desabastecimento de água. Mas, levando-se em conta a “agilidade” da autarquia na busca de soluções para a questão do pagamento das contas nas unidades lotéricas, é mais que justificável a preocupação com o que nos aguarda com a chegada do período de estiagem.

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