Encontrar uma empregada doméstica está difícil e vai ficar cada dia mais. Com mais possibilidade de estudar e oportunidades diversificadas no mercado de trabalho, cada vez menos gente quer trabalhar em casas de família. E quem está disposto a fazer o serviço cobra cada vez mais. Segundo o Data Popular, de 2002 a 2011, o rendimento médio das domésticas subiu 43,5%, quase o dobro da alta média na renda do brasileiro ocupado, que foi de 25% no mesmo período.
A função tende a se extinguir. Esse profissional global deve ficar restrito às classes mais altas, que poderão pagar pelos serviços. Para as outras funções, a tendência é que as agências ofereçam profissionais que receberão por dia de trabalho, afirma a coordenadora do Núcleo de Desenvolvimento Humano da Faculdade IBS/FGV, Jacqueline Rezende. Ela completa que esse já é o cenário em países europeus, por exemplo.
Há uma demanda cada vez maior pelo serviço, mas uma oferta cada vez menor. O resultado é que a renda das domésticas subiu muito, diz o consultor do Data Popular, João Paulo Cunha. Mas nem o salário maior torna a atividade atrativa. Em nove anos, o número de domésticas cresceu 9,35%, enquanto a população brasileira ficou 13,56% maior.
Com menos gente na função, a disputa pela profissional aumenta. São elas que te entrevistam para ver se querem trabalhar para você, diz a economista Tatiana Borba, que demorou muito até encontrar uma empregada. Hoje, ela tem uma funcionária, mas vive pressionada. Ela sempre pede aumento, diz.
Com tanta escassez, quem tem uma boa empregada faz de tudo para mantê-la. A advogada Thereza Rachel Carneiro tem uma doméstica e uma babá. Elas recebem um salário mínimo e meio e alguns mimos. Pago salário de mercado e ofereço diferenciais. Quando viajo, dou os dias de folga, independente de férias. Flexibilizo horários, ajudo no que posso, diz.

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