O segundo dia das oitivas da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga a possível usurpação de poder público na Prefeitura de Formiga ocorreu nesta sexta-feira (20), no plenário da Câmara Municipal de Formiga.
A comissão é composta por Arnaldo Gontijo, Mauro César e Luciano Duque. A denúncia que deu origem a CPI, de autoria do vereador Luciano Duque, trata da possível usurpação de poder público por parte do empresário Marco Aurélio Mansur Sallum que estaria tomando decisões que competem apenas ao prefeito Moacir Ribeiro.
Em seu depoimento, o artesão e presidente da Asafor, Fabrício Mundim relatou que foi ameaçado por Marco Sallum. Perguntado se ele conhecia o empresário, Fabrício respondeu: ?lobista traficante e criminoso não constitui empresa. Em conheço é o Marco Sallum. Em 2008, me mostraram um inquérito em que este senhor estava envolvido. Marco Salum tira e põe quem ele quer lá na Prefeitura?.
Fabrício Mundim relatou que em junho do ano passado estava em uma convenção do PTB, no escritório do advogado Sheldon Almeida. ?O Marco Sallum perguntou quem era o Fabrício e eu respondi que era eu. Ele chegou até mim, estava com uma jaqueta de couro e me mostrou uma arma. Ele disse que assim que acabasse aquela reunião ia acertar as contas comigo. Passado algum tempo, eu vi na rua cinco capangas deles, um deles é o genro do Moacir?.
O artesão disse que foi ameaçado de junho do ano passado a março deste ano. ?Falaram para eu parar de falar mal do Sallum. Que eu ia amanhecer com a boca cheia de Formiga. Me ligavam toda madrugada e sempre tinha um carro parado em frente a minha casa?.
Fabrício relatou ainda o comentário na cidade é de que Marco Sallum era o financiador da campanha eleitoral do prefeito. ?Disseram ainda que a empresa Soenge não doou dinheiro para a campanha do prefeito, no valor de R$280 mil, mas que ela apena emprestou o nome?.
Fabrício continuou: ?estive no Gabinete do prefeito duas vezes, fui pedir para que liberassem a kombi que o deputado Dr. Viana doou para a Asafor, assim como veículos para outras três entidades. Em uma dessas visitas, vi o Sallum saindo da Prefeitura. Em conversa com o chefe de gabinete terrinha ele me mostrou uma pasta. Lá havia um comentário meu no Facebook, chamando eles de vagabundos, pelo fato de não terem feito o repasse dessa kombi. Me disseram que tem um funcionário da Prefeitura fazendo um monitoramento, xerocando tudo o que é postado nas redes sociais contra a administração. Ele me disse ainda que a ordem de não repassar a Kombi era de cima?.
?Ei vi o Sallum no carro da Prefeitura e com motorista?, diz outro depoente

Outro depoente na manhã desta sexta-feira foi o educador Alex Arouca. Ele contou, que certo dia, viu o senhor Marco Sallum em um carro da Prefeitura, juntamente com o servidor Erasmo Espíndola e um motorista, na Empresa Comercial JK (Teixeira), após visitarem o terreno em que o Saae estava fazendo uma limpeza.

O professor relatou durante os questionamentos que, após uma manifestação na Câmara Municipal, durante uma reunião de segunda-feira, populares se dirigiram até a porta da Prefeitura e que alguns de seus alunos viram Marco Sallum saindo do prédio da Prefeitura.
Alex Arouca relatou ainda que na época em que Amilton do Vale era secretário de Educação, o próprio Amilton lhe disse que estava com dificuldades na contratação de Alex, que havia passado em primeiro lugar, em um processo seletivo. ?Ele me disse que queriam a minha cabeça. Aí eu perguntei, mas quem quer? Ele não disse quem, mas que tinha certeza de que não era o prefeito. Veio a ordem d e alguém, na minha opinião, teria que ser do prefeito?.
De acordo com Alex, Amilton do Vale disse que pessoas do Gabinete comentaram que ele [Alex] era contrário a administração. ?Eu critico é a forma de gestão, como exemplo o que ocorreu com a Expolata. O Amilton me disse que nem o prefeito sabia da Expolata?.
Questionado sobre quem, na sua opinião, seria o mentor Alex Arouca disse: ?O comentário na cidade é de que é o Sr. Sallum, isso é a voz das ruas, eu não posso afirmar nada. Não sinto ameaçado em dar o meu depoimento, é apena suma diferença de ideias?, desatacou Alex.
Servidores da Prefeitura acompanham depoimentos em horário de expediente
Outra depoente na manha desta sexta-feira foi Cecília Campos Paiva, funcionária da diretoria de contas Públicas da Prefeitura. Ela explicou para a comissão como é feito o processo licitatório.
Questionada sobre o nome de gráficas de Formiga ou de alguma do Rio de Janeiro que tenham prestado serviços para a administração municipal, a servidora não soube informar nomes. Ela explicou como é feita uma contratação de bandas para determinados eventos no município.
Os vereadores questionaram a servidora da Prefeitura sobre os três funcionários que estavam presentes no plenário da Câmara durante expediente. ?Eles não deveriam estar trabalhando neste momento? questionou Arnaldo.
Cecília disse que estava nervosa, por ser a primeira vez que estava dando um depoimento e que os servidores eram seus amigos e resolveram acompanha-la, sendo liberados pela diretora do setor, Elaine Maria.
Em outar indagação, Cecilia contou que Elaine Maria assumiu o posto quando José Márcio Caputo foi afastado do cargo. ?Ela foi indicada, mas não sei quem indicou?.
Cecilia Paiva chegou a ser exonerada da Prefeitura. ?Após 30 dias, o prefeito e o secretário Carlos Alberto Sales me chamaram de volta. Na minha opinião, não tinha um motivo para essa exoneração?
Perguntada sobre as denuncias do vice-prefeito Eduardo Brás sobre fraudes em licitações, a servidora disse desconhecer o caso. Ela relatou ainda que nunca viu o senhor Marco Sallum nem na Prefeitura e nem no prédio em que ela trabalha.

Mais depoimentos
No período da tarde foram ouvidos Orlando Silva de Souza ? funcionário do Clube Centenário e Orlando Rodrigues de Souza ? diretor Administrativo da Cooperativa
O funcionário do Clube Centenário apenas confirmou o que presidente do mesmo clube, Cléber Francisco afirmou, na semana passada, no primeiro dia de oitivas da CPI. Mais uma vez foi falado que Marco Sallum participou de uma reunião entre o Clube e a Prefeitura.
Sobre a forma em que o empresário foi apresentado, Orlando disse que foi dito pelo prefeito ?Esse é o Marquinho Sallum, que está ajudando a gente nessa empreitada?. A empreitada seria a compra do prédio da Câmara, interesse, de acordo com o funcionário expressado pelo próprio empresário.
Orlando garantiu que em nenhum momento foram tratados valores e nem de onde eles viriam para a compra do prédio. Em relação ao depoimento da semana passada, houve apenas uma contradição. O diretor do Clube Centenário garantiu que a conversa foi rápida, já para Orlando não foi. Para Cléber o único assunto tratado foi o interesse da compra, Orlando ainda se recorda de conversas sobre o clube de quem Moacir Ribeiro é sócio.
O segundo depoimento também foi para confirmar o depoimento de outras três pessoas: Ivanir Julho da Silveira ? Presidente do Sindicato de Produtores Rurais do Município, Alderico da Cunha Ferreira, diretor Financeiro do mesmo sindicato, Lúcio Gontijo Amorim ? presidente da Cooperativa Agropecuária de Formiga uma vez que Orlando faz parte das duas entidades.
Sobre a reunião com o sindicato, assim como Alderico, Orlando confirmou a postura de Marco Sallum que coordenou toda a reunião e se posicionou o tempo todo sem ser questionado nem mesmo uma vez pelo prefeito que apenas consentia. No depoimento à CPI, ele acrescentou a informação de que, em determinado momento da reunião em que a Prefeitura pedia que o Sindicato Rural desocupasse o Parque de Exposições, foi feita uma proposta por parte do SinRural de que a Prefeitura retomasse apena a metade do terreno. ?A gente fez a proposta mas o Marco Sallum não quis, não aceitou?.
Durante a reunião, o empresário disse ainda que iriam repor ao Sindicato as benfeitorias feitas no parque, para tanto chegaram a ser enviados funcionários da Prefeitura para fazer medições, a primeira entrada foi feita sem consentimento dos diretores do SinRural que proibiram uma nova entrada.
Sobre o encontro entre a Cooperativa Agropecuária e membros do município, ele ressaltou que houveram dois encontros, um na sede da própria cooperativa, com a presença do vice-prefeito Eduardo Brás, da vereadora Rosimeire Mendonça e do empresário. A segunda reunião ocorreu na Prefeitura com a presença de Moacir Ribeiro. Mais uma vez Marco Sallum estava presente.
De acordo com Orlando, os encontros foram feitos sob a intermediação de Antônio Paim que confirmou que o convite para a reunião no Gabinete veio de Marco Sallum. A princípio a intenção apresentada pela Prefeitura era de ajudar a Cooperativa que havia tido um prejuízo de R$1,235 milhão. Sobre o interesse do empresário, Orlando não soube dizer, mas confirmou que Marco Sallum agiu durante a reunião como representantes do município, disse ainda que, não acreditou que as reuniões fossem mesmo surtir efeito.
Confira trechos dos depoimentos nos vídeos abaixo.

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