A chegada do verão é um convite à diversão ao ar livre, mas também um sinal de alerta para as doenças comuns desse período. A lista de enfermidades da estação mais quente do ano é extensa. Atenção redobrada, portanto, é a palavra de ordem para pessoas de todas as idades. As temperaturas elevadas, de acordo com médicos, interferem diretamente no funcionamento do corpo, que pode perder líquido mais rapidamente, deixando vulneráveis crianças e idosos.

O sol escaldante também pode ser um vilão. Inclusive, é o que mais leva os pequenos para o hospital. Pediatra e diretor da unidade, Luiz Fernando Andrade de Carvalho orienta a não deixar as crianças expostas ao sol entre 10h e 16h. “Além disso, elas devem tomar muito líquido, usar protetor solar e fazer atividades em lugares cobertos”, recomenda.

As lesões na pele também lideram os casos entre os mais novos. As dermatites, por exemplo, aumentam consideravelmente por conta do uso de piscinas, que têm muito cloro. É indispensável, portanto, o uso de protetor solar e hidratantes após o banho.

“O cuidado maior deve ser dado às crianças de até 4 anos. Elas têm uma superfície corpórea proporcionalmente maior, e a troca de calor acontece muito mais rápido. Por isso, elas estão mais sujeitas a desidratação e ao resfriamento”, destaca Carvalho.

Mais velhos

Para os idosos, o geriatra Jacques Nunes recomenda bastante hidratação. Segundo ele, o maior erro dos mais velhos é usar muitas roupas e não ingerirem líquidos adequadamente. Mas, cuidado: o especialista alerta que os com quadro de insuficiência cardíaca ou renal não podem tomar água em grande quantidade.

“É preciso atenção redobrada nos cuidados necessários, para evitar doenças que podem acarretar em graves complicações na saúde”, diz.

Agora, em qualquer idade, o cardiologista Otávio Gebara alerta para as dores de cabeça, vertigem, sudorese e até insônia causadas pelo calor excessivo. “No sistema respiratório, as temperaturas extremas e as alterações de umidade provocam a retenção e catarro. Portadores de asma brônquica e doença pulmonar obstrutiva crônica são as principais vítimas”.

O médico reforça que, em casos extremos, a pessoa pode desenvolver hipertermia, que é o aumento excessivo da temperatura corporal. “Se não identificada e tratada com rapidez, ela pode ter consequências mais graves como insuficiências respiratória, renal aguda e hepática e até morrer”, diz.

Fuja da intoxicação alimentar

Levante a mão quem nunca encheu os olhos ao ver aquele delicioso camarão no espetinho ou a tentadora ostra sendo oferecidos na praia. Certamente, você já comprou essas comidas. Mas tenha cuidado! No verão, degustar delícias como essa pode custar caro. Uma intoxicação alimentar, por exemplo, é bastante comum na época mais quente do ano.

Que o diga o estudante Lucas Félix, de 21 anos. Acostumado a passar as férias na praia, ele conta que não tem boas lembranças de uma viagem que fez com a família para Castelhanos, no Espírito Santo. “Já estava no fim do dia quando o vendedor de ostras passou perto da gente. Meu pai até me alertou para não comer, porque já deviam estar ruins, mas não dei ouvidos. O resultado foi diarreia e vômito a noite inteira”.

Félix precisou tomar soro para não desidratar. Depois desse episódio, ele conta que passou a tomar mais cuidado. “Além de observar melhor o alimento, agora só como ostra de manhã, que é quando pescam e ela ainda está boa para comer”, conta.

A dica para não ter problemas mais sérios é: cuidado redobrado. A intoxicação alimentar, de acordo com o infectologista José Ribamar Branco, da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo, é causada por bactérias ou vírus presentes em comidas mal conservadas ou higienizadas inadequadamente. Observar o acondicionamento dos alimentos, que devem ser armazenados em depósitos plásticos com tampa, que oferecem menos riscos à contaminação, é indispensável.

Outra recomendação é ao tipo de comida a ser comprada. “Uma dica para se prevenir é consumir vegetais, carnes e peixes crus somente em locais confiáveis”, alerta o médico.

A jornalista Juliana Pio segue a dica à risca. Há alguns anos, a praia era o cenário perfeito para ela comemorar o aniversário. Mas depois de também consumir ostras estragadas, os ‘presentes’ foram diarreia e vômito. “Depois disso, não como, por exemplo, molho nem maionese nesses locais. Só eu sei o que passei naqueles dias ao comer aqueles frutos do mar”.

E mais:

Altas temperaturas elevam risco de complicações vasculares

A Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular (SBACV) alerta para as mudanças fisiológicas que as elevadas temperaturas podem provocar no sistema cardíaco. “Do ponto de vista vascular, o calor gera um fenômeno chamado vasodilatação. Você tem uma dilatação dos vasos e isso gera aumento da estase venosa, ou dificuldade de o sangue dos membros inferiores chegar ao coração.

Isso se torna mais lento e, muitas vezes, esse sangue sai de dentro para fora do vaso. Isso leva ao inchaço, aos edemas dos membros inferiores”, explicou o diretor da entidade, Julio Peclat. De maneira geral, esse fenômeno é benigno mas pode, também, ser sinal de algum problema de saúde, como insuficiência venosa crônica, varizes, edema linfático ou trombose. “Sempre que isso fugir um pouco do normal, a dica é procurar um angiologista ou cirurgião vascular para fazer um exame vascular mais detalhado”, enfatizou o médico.

Exposição ao sol revela as micoses e aumenta os casos nesta época do ano

Popularmente conhecida como “pano branco”, a micose apresenta uma incidência maior no verão. Porém, de acordo com o microbiologista Hyllo Baeta, do Laboratório Geraldo Lustosa, o aumento dos casos não está relacionado à contaminação nas praias e piscinas. “O que acontece é que as pessoas já levam os fungos para esses locais e o sol apenas revela as lesões”, explica.

De acordo com o especialista, o fungo Malassezia normalmente coloniza a pele da pessoa, principalmente costas e couro cabeludo. Mas em situações propícias, como aumento da oleosidade e altas temperaturas, tende a se multiplicar e a se manifestar. O uso de cremes e roupas sintéticas, que deixam a pele mais oleosa, também podem provocar um desequilíbrio no corpo, favorecendo o aparecimento das manchas, que podem ser claras ou escuras. Para um diagnóstico preciso, Baeta recomenda fazer o exame micológico direto e cultura do fungo nas lesões.

 

Fonte: Hoje em Dia ||

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