A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais divulgou, nesta terça-feira (19), a lista de medicamentos do laboratório farmacêutico Hipolabor que tiveram a produção e comercialização suspensas. De acordo com a secretaria, a proibição ocorreu após análise das substâncias usadas na fabricação e dos remédios armazenados em um depósito da empresa em Belo Horizonte, que foi interditado no dia 14 de abril. A medida cautelar tem duração de 90 dias.
Segundo a secretaria, os medicamentos foram suspensos devido às irregularidades encontradas no depósito, que não possui autorização para armazenar e distribuir produtos, e ao resultado dos laudos feitos pela Vigilância Sanitária Estadual e pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) no local. A análise mostrou que alguns remédios apresentam risco sanitário.
De acordo com a secretaria, a sede da empresa localizada em Sabará, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, também passa por uma inspeção. A Anvisa e Vigilância Sanitária de Minas avaliam o sistema de qualidade do laboratório desde a segunda-feira (18). A secretaria ainda informou que, caso sejam encontradas novas irregularidades, outros medicamentos podem ter a venda proibida.Veja abaixo a lista de medicamentos suspensos:
Medicamentos proibidos por irregularidades no armazenamento:
Carbonato de Lítio
Citrato de Fentanila
Cloridrato de Naloxona
Clonazepam
Cloridrato de Fluoxetina
Cloridrato de Tramadol
Cloridrato de Midazolam
Diazepam
Fenitoína Sódica
Valproato de sódio em todas as suas concentrações e apresentações
Medicamentos proibidos após análise da Vigilância Sanitária Municipal:
Cloridrato de lidocaína 2%
Cloridrato de metoclopramida
Dipirona sódica
Maleato de enalapril
Sulfato de amicacina em todas as suas concentrações e apresentações.
Depoimentos
O dono e um farmacêutico do laboratório Hipolabor prestaram depoimento, nesta terça-feira (19), no Ministério Público Estadual (MPE), na Região Centro-Sul de Belo Horizonte. De acordo com a assessoria de imprensa do MPE, os dois exerceram o direito de ficar calados. Eles e uma farmacêutica estão presos há uma semana, suspeitos de adulteração de medicamentos, formação de cartel e de quadrilha, fraudes em licitações, sonegação fiscal e tráfico de drogas. Os suspeitos chegaram ao MPE e não quiseram falar com a imprensa.
Protestos
Funcionários do laboratório farmacêutico Hipolabor se reuniram em defesa da empresa, nesta segunda-feira (18), em frente ao Fórum de Sabará, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. De acordo com a assessoria da Hipolabor, a manifestação foi uma iniciativa dos profissionais. Eles protestam que a falta de matéria-prima para os medicamentos pode parar a produção. Segundo a Polícia Militar, o protesto foi pacífico.
De acordo com a empresa, a companhia gera cerca de 550 empregos diretos e atua há 27 anos. A assessoria informou, na segunda-feira (18), que a empresa não descarta a possibilidade de dar férias coletivas aos funcionários enquanto durar a paralisação.
Entenda o caso
O Ministério Público Estadual de Minas Gerais prendeu duas pessoas suspeitas de falsificação de medicamentos, no dia 12 de abril, depois de dar início às investigação sobre a morte de quatro mulheres que teriam ingerido os remédios. O dono do laboratório farmacêutico foi preso no apartamento dele no bairro de Lourdes, na região Centro-Sul. O imóvel é uma cobertura triplex, avaliada em R$ 4 milhões. A polícia vasculhou o imóvel e apreendeu documentos, US$ 30 mil e 112 mil euros. Já no bairro Belvedere, um químico foi preso no apartamento onde mora.
Mandados de busca e apreensão também foram cumpridos em três empresas que pertencem a um grupo econômico voltado à fabricação e distribuição de medicamentos. As investigações, segundo o Ministério Público, começam há mais de um ano para apurar a possível existência de uma organização criminosa voltada para a prática de crimes de sonegação fiscal, formação de cartel e fraude à licitação.
No dia 14 de abril, agentes da Polícia Civil, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e integrantes do Ministério Público Estadual (MPE) foram à sede do laboratório Hipolabor, no bairro São Gabriel, Região Nordeste de Belo Horizonte, para realizar uma inspeção à procura de documentos. No mesmo dia, o depósito foi interditado por 90 dias, e os medicamentos armazenados foram inspecionados.

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