Em novo depoimento de mais de quatro horas à Polícia Federal (PF), na tarde de ontem, o policial militar João Dias informou que pelo menos 20 Organizações Não Governamentais aceitaram delatar o esquema de arrecadação de propina que o PCdoB teria montado no Ministério do Esporte com entidades conveniadas ao programa Segundo Tempo e outras ações da pasta. As entidades, segundo ele, vão depor nos próximos dias.
Dias disse que o esquema incluía o pagamento, pelas ONGs, de um pedágio de 10% a 20% para um escritório de consultoria e a contratação dos serviços de um cartel de seis empresas, indicadas pela cúpula do Ministério do Esporte, ligadas ao PCdoB. Pelo menos 20% de todo o dinheiro dos convênios firmados com 300 ONGs, conforme o policial, era desviado e parte ia para financiar a estruturação do partido e campanhas de candidatos. Fui vítima de chantagem e retaliações porque não aceitei as condições absurdas que me exigiam, afirmou.
Além dessas ONGs, o policial deu à PF os nomes de outras dez entidades que, segundo garante, aceitaram condições irregulares para obter recursos do programa. De acordo com ele, as ONGs, para receberem os recursos do programa e não serem molestadas na prestação de contas, tinham de comprar produtos e serviços de um pool de seis empresas: Infinita Comércio, Linha Direta, JG, Transnutre, HS e Capte Comércio.
Para a imprensa, na saída do depoimento, ele deu os nomes de cinco ONGs de Brasília – Liga de Futebol Society; Associação Nossa Senhora Imaculada; Instituto Novo Horizonte; Fundação Toni Matos; e Associação Gomes de Matos, além de uma do Rio, a Fundação Viva Rio, e uma de Santa Catarina, o Instituto Contato. Sua lista inclui três entidades da Bahia, mas ele não revelou os nomes. O policial garantiu que Orlando Silva sabia de todo o esquema, que seria operado por seus principais auxiliares na pasta, entre os quais o chefe de gabinete, o secretário executivo, o secretário de Esportes e os chefes de áreas técnicas. Ele disse ter entregado à PF documentos, 13 áudios e outras mídias, como CDs, que comprovariam os desvios de recursos.

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