Há exatos seis anos tinha início em Mariana, na região Central de Minas Gerais, o maior desastre ambiental da história do Brasil. Em 5 de novembro de 2015 a barragem de Fundão, administrada pela empresa Samarco, das mineradoras Vale e BHP Billiton, rompeu-se despejando milhões de toneladas de lama com rejeitos de minério; 19 pessoas morreram. 

O rastro de destruição pode ser visto até hoje. O ‘mar de lama’ varreu do mapa os distritos de Bento Rodrigues e Paracatu, além de impactar profundamente centenas de milhares de pessoas abastecidas pelo Rio Doce em Minas Gerais e no Espírito Santo.

Seis anos depois os atingidos de Bento Rodrigues ainda esperam pela reconstrução do distrito, mas, apesar do descumprimento dos prazos, a esperança de muitos se renova devido ao avanço das obras. Para o senhor Zezinho do Bento, uma das lideranças em defesa dos atingidos, essa progressão deveria ter acontecido há alguns anos.

“A luta é muito longa. Levamos promotor, juíza lá, fizemos reunião com toda a gerência das empresas para melhorar. Eles faziam cinco casas. Enquanto não terminavam as cinco, não começavam outra. Hoje, se você for lá, tem um monte de casas, ruas já pavimentadas. Esperamos que em novembro do ano que vem estejamos no nosso Bento Rodrigues”, afirmou.

Em Paracatu a situação dos atingidos é ainda mais complicada. Há dois anos foi anunciada a conclusão das obras de terraplanagem do novo distrito, mas apenas em setembro de 2021 é que foi instalado o primeiro tijolo, ato que simboliza o início da construção das edificações no reassentamento.

Além disso, os produtores rurais de Paracatu tem acompanhado seus animais de produção morrerem de fome, pois por onde a lama passou capim não nasce mais. É o que afirma o produtor rural atingido de Paracatu Marino D’Angelo. 

“Eu moro em torno do Paracatu destruído, tenho quatro pequenas propriedades. Tive lama em duas. Saí da minha casa. Nós tínhamos a nossa própria economia e depois do rompimento vivemos em outro universo. O mundo que vivíamos antes acabou”, lamenta.

Em 2016,  os atingidos de Mariana conquistaram na Justiça o direito a uma assessoria técnica independente, trabalho realizado pela Cáritas Brasileira. Para o coordenador operacional Gladston Figueiredo alguns avanços foram percebidos neste período, mas a atual a luta dos atingidos é também para que o crime não prescreva. 

“O grande avanço foi o cadastro ser aplicado pela assessoria técnica e não pela Fundação Renova. É um processo que vem se arrastando por si só e já não teríamos que pensar em prescrição. Até por se tratar do maior crime ambiental do país. 

Segundo a Fundação Renova, entidade criada pelas mineradoras para realizar a reparação, mais de R$ 15 bilhões foram desembolsados nas ações de reparação e compensação até o momento. Sobre os reassentamentos, a Renova informa que 10 casas foram concluídas e 87 estão em construção em Bento Rodrigues.

Em Paracatu, a Renova afirma que 80% das obras de infraestrutura estão concluídas e que 11 casas seguem em construção. A Renova argumenta que a evolução das obras e a estimativa de conclusão de trabalhos até dezembro de 2022 considera os projetos que já tiveram aprovação dos atingidos.

A Renova também diz que as famílias podem fazer alterações até a emissão do alvará e que a fundação não tem controle sobre o tempo gasto para a aprovação final dos projetos. Ainda conforme a fundação, a estimativa considera também questões de engenharia, disponibilidade de trabalhadores e o impacto da pandemia no ritmo dos trabalhos.

Sobre a questão dos animais, a Fundação Renova informa que desde novembro de 2015 fornece alimentação animal para os produtores impactados. Até o momento, a fundação diz que já foram entregues mais de 51 mil toneladas de alimentos. A Renova diz que existem critérios para os cálculos das quantidades a serem disponibilizadas e que os casos das famílias insatisfeitos com o serviço estão sendo levados ao Ministério Público de Minas Gerais.

Neste 5 de novembro de 2021, acontece nesta manhã ato de encontro entre os atingidos de Mariana e de Brumadinho. Às 14h os manifestantes visitam o reassentamento de Paracatu e às 16h haverá missa na comunidade de Bento Rodrigues.

Fonte: Itatiaia

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