Mais de metade dos brasileiros (55%) possuem algum tipo de dívida, de acordo com estudo divulgado nesta terça-feira (31) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Do total de entrevistados, 62,5% devem mais do que ganham, sendo que praticamente uma em cada quatro pessoas (23%) deve mais do que cinco vezes o próprio salário.
Segundo o Ipea, a média da dívida dos brasileiros é de R$ 5.426,59 e apenas 11% considera estar muito endividado. Cerca de 26% acreditam que o valor comprometido é baixo. O restante acha que os valores a pagar são razoáveis.
De acordo com a pesquisa, as famílias que ganham de um a dois salários mínimos são as mais endividadas. Mais de 13% dos entrevistados nessa faixa salarial dizem que devem valores acima do que podem pagar. Já quem os que ganham apenas até um salário, são os que menos devem: 58% das pessoas que recebem até R$ 510 afirmaram que as contas estão equilibradas.
Desafio
Para o webdesigner André Villela, 31, manter o financiamento do carro que comprou tem sido um desafio. As prestações do automóvel, que vão até 2012, somadas às despesas que ele já possuía e às novas, adquiridas em função do bem, ultrapassam o salário. O maior problema foi não ter me preparado para as despesas que vêm junto com o carro, como combustível e estacionamento. Neste mês tive que usar o cheque especial para pagar as contas.
De acordo com a economista da Federação do Comércio de Minas Gerais Silvânia de Araújo, o brasileiro precisa aprender a fazer dívidas de maneira correta. O crédito permite a inclusão social e o acesso aos bens de consumo, beneficiando o consumidor e impulsionando a economia, garante.
O presidente do Ipea, Márcio Pochmann, ressalta que o uso do crédito faz parte do crescimento do país. É fundamental que o Brasil mantenha o ritmo de expansão econômica. Isso dará mais conforto a essas famílias, para que tenham condições de pagar suas dívidas. Ao mesmo tempo, é preciso avançar na educação financeira para que possam usar melhor os instrumentos de crédito, afirmou.
Foram entrevistados 3.800 domicílios. Pela amostragem, 15% das pessoas com idade entre 30 e 39 anos possuem dívidas que não sabem como pagar. Já os com mais de 60 anos são os menos endividados e somente 7% afirmaram ter alguma dívida.
Nível de endividamento das famílias é considerado baixo
O nível de endividamento das famílias brasileiras ainda é considerado baixo, se comparado com outros países. Mas, entre as que têm dívidas, cerca de 38% afirmam não ter condições de pagar suas contas atrasadas no mês seguinte. As informações são de pesquisa domiciliar realizada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), que mede o grau de otimismo quanto à economia do Brasil.
De acordo com a pesquisa, 11,08% das famílias pesquisadas afirmaram estar muito endividadas, ao passo que cerca de 72% declararam estar pouco endividadas ou não ter dívidas. Olhando para outros países, esse é um nível de endividamento muito baixo, pois a presença de crédito no Brasil também é muito baixa, declarou o presidente do Ipea, Marcio Pochmann.
Otimismo
No Brasil, cerca de 20% das famílias possuem alguma conta atrasada – dessas, 60% acreditam que conseguirão quitar seus compromissos no mês seguinte.

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